Bolsonaro xinga adversários e retoma ataques ao Supremo

Sem citar nome de Lula, presidente faz provocações diretas aos governos petistas e reitera críticas à Corte

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Foto do author Eduardo Gayer

BRASÍLIA – Em discurso marcado por palavrões durante visita à Barragem de Oiticica, no Rio Grande do Norte, o presidente Jair Bolsonaro disparou uma série de ofensas a rivais políticos e renovou o clima tenso e de crise com o Supremo Tribunal Federal. Sem citar o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fez insultos ao petista ao mencionar supostas contratações realizadas pela Funai.

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“Durante a transição, após as eleições, estávamos conversando sobre o que estava acontecendo com o governo anterior, como estava o governo. Descobrimos que a Funai tinha um contrato de R$ 50 milhões para ensinar o índio a mexer com Bitcoin. Ah, vá para a puta que pariu, porra. Desculpe o palavrão”, afirmou Bolsonaro. 

O presidente fez referência à suspensão realizada pela ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, a respeito de um contrato de R$ 44,9 milhões previsto entre Funai e a Universidade Federal Fluminense, a respeito do uso da criptomoeda. Bolsonaro fala reiteradamente do projeto desde 2019.

O presidente Jair Bolsonaro durantevisita à Barragem de Oiticica, no Rio Grande do Norte Foto: Alan Santos/PR

Em baixa nas pesquisas eleitorais, Bolsonaro não citou Lula, mas fez uma provocação direta com relação ao ex-presidente. “Querem botar o fala mansa lá? Botem. Quem vai pagar a conta? Vocês, pô”, afirmou Bolsonaro. “Desviaram R$ 2 trilhões. E tem gente que tem saudade desses canalhas. Todo mundo sofre no Brasil em consequência desses canalhas.”

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Bolsonaro está em tour pelo Nordeste para inaugurar trechos da transposição do Rio São Francisco. Ele aposta na megaobra de infraestrutura e no Auxílio Brasil para fortalecer sua imagem no Nordeste, região onde Lula tem a maior força eleitoral.

O presidente também reiterou críticas indiretas ao STF. Em mais um episódio de tensão com a corte desde que descumpriu a determinação do ministro Alexandre de Moraes e se recusou a prestar depoimento na Polícia Federal, Bolsonaro recusou a pecha de antidemocrático. “Não prendi deputado, não desmonetizei página de ninguém”, declarou, em crítica indireta à Suprema Corte. “Alguns falam que presidente é mal-educado, fala palavrão, mas eu não roubo”.

Em suas declarações, o presidente disse que o governo vai tentar controlar a inflação crescente e voltou a reclamar da política de preços da Petrobras, culpando governadores pelo preço dos combustíveis. “Não tenho poder de chegar na Petrobras e falar ‘está congelado, diminui preço do combustível’. Até gostaria de ficar livre da Petrobras, porque me acusam de uma coisa que não tenho responsabilidade”, acrescentou, jogando a culpa da alta dos preços de combustíveis em governadores pela cobrança de ICMS.

O chefe do Executivo ainda repetiu que não errou em nenhum momento durante a pandemia de covid-19 e voltou a usar expressões pejorativas para se referir a nordestinos. “Minha esposa é filha de um cabra da peste, de um cabeça chata”.

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Bolsonaro se queixou de não poder represar a água do Rio São Francisco em território potiguar em razão das populações ribeirinhas. “Virou questão política por parte da governadora (Fátima Bezerra, do PT). É dar atenção a minorias que lutam pelo direito a ‘não barragens’. O que é isso? Por causa de 10, 15 famílias?”, questionou. “Espero que em breve isso seja solucionado”.

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