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Após confusão, Marcio Lacerda é lançado ao governo de Minas Gerais

Deputado Júlio Delgado e presidente do partido, Renê Vilela, foram hostilizados quando pretendiam ler nota para anular a convenção

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BELO HORIZONTE - Após muita confusão durante a convenção estadual do PSB, o ex-prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, foi lançado como candidato ao governo de Minas Gerais. Com a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de validar a convenção do diretório, delegados do partido e apoiadores do deputado federal Júlio Delgado, uma das principais lideranças da sigla, entraram em confronto na reunião, realizada neste sábado, 4.

A confusão começou quando Júlio Delgado e o novo presidente do partido, Renê Vilela, chegaram à convenção. Sob gritos de "golpista" e "traidor", o deputado foi hostilizado. Delgado e Vilela pretendiam ler uma nota da direção nacional do partido que anulava a convenção. A orientação da Executiva Nacional se baseava em uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que confirmava a dissolução do antigo diretório do PSB em Minas

Delegados do partido e apoiadores do deputado federal Júlio Delgado entraram em confronto na reunião Foto: Estevão Galvão/Assessoria do Marcio Lacerda

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Em função da decisão do TSE, nós estamos considerando essa convenção nula, ela não tem validade”, disse Delgado. Vilela afirmou que uma nova convenção estaria marcada para o domingo, 5, pois foram encontradas irregularidades nas inscrições dos diretórios municipais e que a conveção deste sábado era um "faz de conta”. Na madrugada de, 3, o TRE concedeu uma tutela de urgência para uma ação de Lacerda, que suspendia “todo e qualquer efeito do ato de destituição da Comissão Provisória do PSB, no Estado de Minas Gerais, até o julgamento final da lide, ou revisão”. O juiz Nicolau Lupianhes, relator do processo no TRE, ainda fixou uma multa diária de R$ 30 mil, no caso de descumprimento da decisão.

No entanto, após essa decisão, o TSE emitiu uma decisão que confirmava a dissolução do partido. No entanto, o advogado de Marcio Lacerda, João Sad Jr, explicou que a argumentação do tribunal eleitoral era contra uma outra ação movida pelo ex-prefeito e que ela não sobrepunha o que havia sido determinado pelo TRE.

Marcio Lacerda disse que o ocorrido foi uma “selvageria” e “um ato de loucura e desespero”. O ex-prefeito de Belo Horizonte só compareceu no local da convenção, um hotel na região centro-sul da capital mineira, após a confusão ter sido amenizada, e pediu que continuassem apoiando a sua candidatura. “Vocês acabam de viver um momento histórico em Minas Gerais. Vieram aqui me ajudar a resistir a uma investida no porão da velha política”, declarou para seus apoiadores.

“Foi uma convenção totalmente legítima, a realização foi garantido por uma liminar. A nossa luta é política, dentro do processo democrático”, disse o ex-prefeito de Belo Horizonte, que voltou a dizer que pode entrar na justiça para assegurar a candidatura. Lacerda explicou que não houve nenhum desrespeito às diretrizes ou ao estatuto do partido, e portanto, não haveria justificativa para retirar sua candidatura nem para dissolver o diretório mineiro.

Lacerda também declarou que estará na convenção nacional do PSB, neste domingo, 4, em Brasília. O ex-prefeito da capital mineira disse que pode até “caminhar sozinho”, caso os partidos que haviam declarado apoio a ele - PDT, PROS já haviam anunciado o apoio e o PV e o Podemos estavam bastante próximos de fechar uma coligação -, se recusem a insistir na candidatura. Aliados de Marcio Lacerda disseram que estudarão a possibilidade de homologar a candidatura do ex-prefeito ainda neste sábado.

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O diretório mineiro do PSB foi dissolvido na noite da última quinta-feira pelo presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, que alegou que a direção estadual não respeitou as diretrizes nacionais da legenda, que consistia em priorizar a eleição de uma bancada de deputados federais e estaduais. Já Lacerda afirmou que previa eleger até quatro deputados federais. Delegados do partido também pediam anulação do acordo entre PT e PSB, que fez com que os pessebistas retirassem a candidatura de Lacerda para apoiar a tentativa de reeleição do governador Fernando Pimentel (PT), enquanto no Pernambuco, Marília Arraes (PT) foi rifada para apoiar a candidatura de Paulo Câmara (PSB).

Agressões. Em diversos momentos da convenção, militantes pessebistas trocaram socos e empurrões em diversos momentos e a confusão durou cerca de 40 minutos. Duas mulheres teriam sido agredidas pelo deputado federal Júlio Delgado, que negou. O parlamentar disse que não agrediu ninguém, e que as agressões durante a confusão foram de todos os lados.

Uma funcionária do partido diz ter sido uma das agredidas e afirmou que estuda entrar com processo contra o deputado. O partido também analisa a possibilidade de processar pessoas próximas a Delgado pelo dano ao material sonográfico, que pertence ao diretório estadual. O deputado federal também chegou a dizer que haviam pessoas com armas de fogo na convenção. Procurada pela reportagem, a Polícia Militar confirmou que foi acionada, mas não encontrou nenhuma arma no local e ninguém foi detido.

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Futuro.  A confusão deixou exposta a divisão interna do PSB. Questionado sobre o futuro na legenda, Marcio Lacerda declarou que só decidirá a continuidade no partido no futuro. “Eu lamentei que o partido está jogando na lama a oportunidade de se firmar como uma autoridade política e ideológica de uma forma absolutamente suicida”, afirmou.

Já Júlio Delgado disse que estava bastante tranquilo sobre a permanência na legenda. “Quem é da origem desse partido sou eu, não são eles não. Eu vim para o partido convidado por Miguel Arraes e Eduardo Campos. Eu não fui convidado pelo Pimentel e pelo Aécio, como o Marcio foi”, declarou.

Convenção do PSB em Minas Gerais teve xingamentos contra o deputado federal Júlio Delgado Foto: Jonathas Cotrim/Estadão
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