Em um momento de trégua nas disputas internas do PSDB, o ex-governador João Doria recebeu da cúpula do partido o aval para protagonizar sozinho as inserções nacionais do partido na TV, que serão exibidas a partir da próxima terça-feira, 26 de abril.
Os tucanos paulistas apostam nos comerciais para reduzir a rejeição a Doria no momento em que MDB, União Brasil e PSDB discutem a escolha de um candidato único da terceira via. Nas inserções regionais, porém, o pré-candidato tucano deve aparecer pouco e em comerciais do partido no Rio de Janeiro, Amazonas, Goiás e Distrito Federal.
Pré-candidato à reeleição em São Paulo, o governador Rodrigo Garcia deixou Doria de fora de suas inserções em São Paulo. Segundo interlocutores do ex-governador paulista, o ex-governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que foi derrotado nas prévias tucanas do ano passado, pediu a Doria para participar de 20% dos comerciais nacionais do partido.
Em uma conversa tensa entre os dois na semana passada, no comitê da pré-campanha de Doria na capital, o paulista rejeitou a demanda do rival e subiu o tom: disse que, se ele insistisse em fazer uma campanha paralela, iria judicializar o embate no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Apesar de ter sido "desligado" da coordenação da pré-campanha de Doria, o presidente do PSDB, Bruno Araújo, que está no exterior, não chancelou a demanda de Leite.
Responsável pelas campanhas de Geraldo Alckmin em 2018 para a Presidência e de Doria em 2016 para a prefeitura da capital, o marqueteiro Lula Guimarães assumiu o comando da comunicação do ex-governador paulista. Nos comerciais, aos quais o Estadão teve acesso, são exibidos panelaços contra Dilma Rousseff e Jair Bolsonaro.
Em seguida, um locutor diz: "Quando você escolhe um só para tirar o outro, o resultado é sempre o mesmo. Com PSDB e João, você tem opção". Em outro comercial, um locutor diz que São Paulo criou 30% dos empregos no País na pandemia "e cresceu 5 vezes mais que o Brasil". A vacina contra a covid também entrou na propaganda e deve ser a peça de resistência do discurso de Doria.
Trégua
Apesar da trégua, Doria ainda tem pela frente o desafio de pacificar o próprio partido e convencer as siglas aliadas de que ele é o nome mais competitivo da terceira via. Leite divulgou uma carta intitulada 'Um Só Rio Grande, Um Só Brasil, Um Só PSDB', na tarde desta sexta-feira, 22, na qual afirma que o PSDB deve ter candidato a presidente e liderar o centro democrático. "É hora de fazer 'Um Só Brasil'. E para isso, contem comigo para sermos um só PSDB", afirma ao final do texto.
Os líderes do MDB, União Brasil e PSDB e os pré-candidatos das três siglas à Presidência vão se reunir em um jantar nesta segunda-feira, 25, na casa de João Doria para discutir os critérios que serão adotados para a escolha do nome que vai representar a chamada terceira via na disputa presidencial e uma eventual mudança no calendário.
Pelo acerto inicial, o colegiado escolheria seu pré-candidato no dia 18 de maio. Integrantes do MDB e União Brasil disseram nesta quinta-feira, 21, porém, que Doria teria pedido a mudança da data para 31 de maio - o que foi negado pelo ex-governador em suas redes sociais.
Doria recebeu, até agora, cerca de R$ 3 milhões do PSDB para sua pré-campanha, mas não tem garantias de que receberá os R$ 65 milhões requisitados para a campanha propriamente dita. Uma ala do partido liderada pelo ex-deputado Aécio Neves pressiona para que os tucanos não tenham candidato presidencial. Assim, o Fundo Eleitoral seria usado nas campanhas a governador.
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