E-mails trocados por executivos da empresa Tejofran e apreendidos pelo Cade sugerem que o presidente da CPTM, Mario Bandeira, sabia da atuação do cartel em licitação da estatal para reforma de trens em 2012.Ele foi citado em mensagem enviada pelo diretor Telmo Porto para outros dois colegas da Tejofran, na qual Porto afirma que Bandeira está "alarmado" com manifestações da Bombardier e da CAF e "decidiu cancelar a coordenação". Em resposta, outro funcionário da empresa, Reinaldo Goulart, afirma que checaria se a coordenação fora realmente cancelada e que falaria com "Zani" - identificado pelo Cade como João Roberto Zaniboni, ex-diretor da CPTM, suspeito de receber propina de multinacionais do cartel. Zaniboni, que recebeu dinheiro do consultor Arthur Teixeira em conta na Suíça, foi, até agosto, sócio de uma empresa de engenharia que tem contratos com o Metrô, a CPTM e outros órgãos estaduais.A CPTM afirmou que Bandeira "nega veementemente qualquer prática irregular na condução das licitações" e "repudia o uso de seu nome por terceiros". A estatal sustentou também, em referência aos acertos que a Tejofran pretendia fazer, que "nenhuma das combinações constantes no relatório divulgado hoje pelo CADE se concretizou".A concorrência foi vencida pela CAF, pela Temoinsa e pela Trail Infraestrutura. A Tejofran declarou que "as mensagens devem ser compreendidas estritamente sob o contexto em que foram trocadas: o de conversações comerciais sobre oportunidades comerciais".O advogado de Zaniboni, Luiz Fernando Pacheco, disse não ter visto os e-mails e que, portanto, não se manifestaria.
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