A demora para que o vencedor das eleições presidenciais dos Estados Unidos fosse anunciado colocou em destaque o papel da urna eletrônica no processo eleitoral. Com diversos Estados onde o voto é registrado em cédulas de papel e em meio a um aumento dos votos enviados pelo correio, os EUA levaram dias para descobrir o vencedor da eleição. Enquanto isso, no Brasil, o anúncio leva apenas algumas horas, uma vez que a contagem dos votos é feita automaticamente pela urna eletrônica.
O dispositivo, que não é exclusividade brasileira, já está presente em outros 15 países, segundo levantamento do Institute for Democracy and Electoral Assistance (IDEA). Focado na produção de estudos comparativos sobre temas centrais da democracia, o instituto aponta que a urna eletrônica com gravação direta é utilizada sobretudo na Ásia, mas marca presença em cinco continentes. Isso levando em consideração tanto dispositivos que emitem comprovante de papel após o voto quanto os que não emitem - como é o caso no Brasil.
A urna eletrônica com gravação direta é utilizada em países como Índia, Peru, Japão, Namíbia e Irã. Outros, como a França e a Rússia, contam com mais de um mecanismo de votação, entre eles a urna eletrônica. Caso também dos Estados Unidos, que chegam a adotar o dispositivo em alguns Estados.
“Nem todos os países usam as urnas em todo lugar, como no Brasil. Em alguns países, somente determinadas seções de votação são cobertas pela tecnologia”, disse Peter Wolf, especialista sênior em Eleições, Democracia e Tecnologia do instituto IDEA.
Ainda existem, de acordo com os dados do IDEA outros modelos de votação eletrônica, como o voto pela Internet, que é regulamentado em dez países. Ao todo, contando com o Brasil, 46 países utilizam algum tipo de votação eletrônica em eleições, considerando pleitos de caráter nacional, regional, ou para escolha de dirigentes sindicais.
Mesmo sendo utilizada no Brasil desde 1996, a urna ainda é alvo de questionamento por uma parcela da população e de desinformação nas redes. Recentemente, a desconfiança foi ecoada pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, que defendeu o voto impresso e disse que é preciso ver o que “acontece em outros países e buscar um sistema confiável”.
Para o secretário de Tecnologia da Informação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Giuseppe Janino, porém, a desconfiança em torno do dispositivo não tem respaldo. Matemático e um dos criadores da urna brasileira, Janino diz que não existe registro comprovado de fraude desde a primeira vez em que as urnas foram usadas, em 1996. Segundo ele, o mecanismo ainda “nos tornou uma referência mundial em votação eletrônica”.
Veja a seguir em quais países a urna eletrônica com gravação direta é utilizada, segundo levantamento mais recente do Institute for Democracy and Electoral Assistance (IDEA):
- Bangladesh
- Butão
- Brasil
- Bulgária
- Fiji
- França
- Índia
- Irã
- Namíbia
- Omã
- Panamá
- Peru
- Rússia
- Emirados Árabes Unidos
- Estados Unidos
- Venezuela
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