Os pré-candidatos ao governo de São Paulo buscam vices mulheres em uma eleição marcada pela ausência feminina na disputa. Até o momento, seis homens foram apresentados em seus partidos: Fernando Haddad (PT), Márcio França (PSB), Rodrigo Garcia (PSDB), Tarcisio de Freitas (Republicanos), Felício Ramuth (PSD) e Vinicius Poit (Novo).
Os movimentos de mulheres que atuam nas legendas e os estrategistas de campanha pressionam os dirigentes por escolhas femininas no momento em que se intensificam as articulações partidárias para a formação dos palanques. Com 33.565.295 eleitores aptos a votar, segundo dados do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP), São Paulo tem maioria de mulheres: 52,9%.
O tucano Rodrigo Garcia, que vai assumir o lugar de João Doria (PSDB) no governo nesta quinta-feira, 31. e concorrer à reeleição, deve entregar a escolha do posto de vice ao aliado MDB, mas sinalizou ao partido que gostaria de uma mulher como companheira de chapa.
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Lideranças do MDB ouvidas pela reportagem disseram que dois nomes são os mais cotados: Simone Marquetto, prefeita de Itapetininga, e Aline Torres, secretária da Cultura da capital, que é militante negra e feminista. Há, porém, uma possibilidade – ainda que remota –de o ex-ministro Henrique Meirelles deixar o PSD e ser o vice de Garcia.
Apesar da conversa com os emedebistas, Garcia tem dito que a senadora Mara Gabrilli seria a “vice dos seus sonhos”. Como ele não poderá concorrer à reeleição em caso de vitória, seria mais confortável deixar a vaga com o PSDB. Essa opção é defendida com entusiasmo pelo PSDB-Mulher de São Paulo.
“A Mara é uma senadora extraordinária e representa várias lutas. Seria maravilhoso se ela fosse a 1° mulher a governar São Paulo. É muito importante para dar visibilidade ao nosso movimento que uma mulher esteja na chapa majoritária”, disse a socióloga Edna Martins, presidente do secretariado PSDB-Mulher do Estado.
“Há uma pressão grande para que a escolha seja por uma mulher (como vice do Rodrigo Garcia). Acho muito importante”, completou a deputada estadual Carla Morando (PSDB). A parlamentar também cita a senadora Mara Gabrilli como um nome “forte” do PSDB para o cargo.
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Já o ministro da Infraestrutura, Tarcisio de Freitas, que é o pré-candidato do presidente Jair Bolsonaro em São Paulo, sondou a prefeita de Bauru, Suéllen Rosim (Patriota), que é negra, evangélica e conservadora. Ela é vista por seus correligionários e apoiadores como a companheira ideal de chapa.
Segundo aliados do ministro, essa é uma estratégia para reverter a resistência do eleitorado feminino ao presidente da República. “Me filiei recentemente ao PSC, partido que também apoia o projeto do Tarcísio para São Paulo. Independentemente de qualquer coisa, sempre estarei à disposição”, disse a prefeita ao Estadão.
Fechado com Tarcísio, o PTB tenta emplacar a médica Nise Yamaguchi, defensora da cloroquina, como vice ou candidata ao Senado na chapa.
Já no campo da esquerda o debate ainda esbarra no impasse entre o ex-ministro Fernando Haddade o ex-governador Márcio França, ambos pré-candidatos. PT e PSB, que estão juntos no plano nacional, ainda sonham com uma composição, e em ambos o movimento feminista presssiona pela escolha de uma vice.
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No PSB, o nome preferido para compor com França é o da deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP), mas isso se a chapa for “pura”. Em caso de aliança, a escolha caberia à legenda. Há uma conversa avançada entre França e Gilberto Kassab (PSD), que lançou na corrida estadual o prefeito de São José dos Campos, Felício Ramuth.
“A Tabata é uma jovem com um grande potencial. Ter uma vice na chapa do Márcio ajudaria a trazer mais mulheres para a disputa no Legislativo”, disse a funcionária pública Lídia Benages, secretária estadual de mulheres do PSB.
Já no PT, a escolha do nome para ser vice de Haddad terá que passar pelo crivo da federação com o PV e PCdoB e ainda ser chancelado pela federação PSOL-Rede, que deve apoiar o petista. Os dirigentes petistas dizem que o “ideal” seria que Haddad tivesse uma mulher como vice, e citam a ex-ministra Marina Silva (Rede) como um nome forte.
Mas por ora o debate está formalmente paralisado e Marina deve concorrer a uma vaga de deputada federal em São Paulo. “Ter uma mulher na chapa é uma demanda e esse debate existe. Seria muito importante escolher alguém que ampliasse, mesmo que seja de outro partido ou setor da sociedade”, disse a ex-presidente da UNE, Carina Vitral, que integra o Comitê Central do PCdoB e é militante da União Brasileira de Mulheres (UBM).
Pré-candidato do Novo ao governo, o deputado Vinicius Poit desconversou quando questionado sobre a escolha de uma mulher como sua vice. “Isso está no radar, mas ainda não definimos”, afirmou.
Regras
Nas últimas eleições, alguns partidos recorreram ilegalmente a “candidatas laranjas”, mulheres que concorrem apenas para cumprir a cota de 30% de candidaturas femininas e não recebem recursos de campanha.
Existem duas regras que procuram estimular a participação feminina nas eleições. A primeira é uma lei que estabelece que no mínimo 30% das candidaturas devem ser femininas. A outra, fixada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), obriga os partidos a direcionarem 5% do Fundo Partidário para as campanhas de mulheres.