Erundina aponta ‘oportunismo’ na tática de Haddad

Candidata do PSOL quer evitar ‘voto útil’ da esquerda e afirma que petista, que tenta a reeleição, ‘forçou a barra’ em ato ‘Fora, Temer’

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Por Pedro Venceslau e Ricardo Galhardo 

A deputada federal e ex-prefeita Luiza Erundina, candidata do PSOL à Prefeitura de São Paulo, reagiu à estratégia do prefeito Fernando Haddad (PT), que disputa a reeleição, de tentar nacionalizar o debate na capital para capitalizar o movimento “Fora, Temer”. Com três candidatos com passagem pelo PT na disputa, o PSOL quer evitar que haja uma migração de votos da esquerda para Haddad, que poderia ser beneficiado pelo voto útil. 

A candidata à Prefeitura de São PauloLuiza Erundina (PSOL) Foto: Hélvio Romero/Estadão

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“O Haddad e outras pessoas do PT não tiveram uma posição clara e firme sobre o impeachment. O PSOL em nenhum momento hesitou. Só depois do acirramento da disputa com Dilma e da concretização do processo de golpe é que houve uma manifestação mais clara do PT”, afirmou Erundina ao Estado

Na pesquisa Ibope divulgada nesta semana, as intenções de voto em Erundina caíram de 9% para 5%. Já Haddad manteve os 9% do levantamento anterior. Para o cientista político Aldo Fornazieri, diretor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, não existe espaço para dois candidatos de esquerda na capital. 

“Já ouvi de gente do PSOL que será natural uma migração de votos de Erundina para Haddad na reta final do primeiro turno se ele aparecer com alguma chance de passar para o segundo”, disse Fornazieri, que atua na campanha de Haddad. “Foi um erro ter duas candidaturas da esquerda em São Paulo e no Rio de Janeiro”, afirmou.

Depois de consumado o impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff, movimentos sociais que têm vínculos com o PSOL, como o MTST e o Fora do Eixo, se aproximaram do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, líder máximo do PT. 

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Os dois grupos foram os principais responsáveis pela organização dos atos na capital que reuniram milhares de pessoas na Avenida Paulista e no Largo da Batata, em Pinheiros. O movimento coincidiu com o engajamento de Haddad nos atos contra o presidente Michel Temer. 

Para Erundina, o PT e o PSOL têm dois projetos diferentes. “É preciso demarcar o campo. Saber de que lado nós estamos. A luta vai continuar depois da eleição”, afirmou. 

A deputada chamou de “oportunismo” a participação do prefeito em uma das manifestações contra Temer na capital. “No ato da Avenida Paulista, ele ficou ao meu lado e levantou meu braço. Isso foi uma forçação de barra, um oportunismo da parte dele.” 

Candidato a vice na chapa, o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) credita a queda de Erundina nas pesquisas à “invisibilidade” da campanha, que tem apenas 10 segundos de tempo na TV. Valente rechaçou a tese de voto útil para garantir a presença de um candidato do campo da esquerda no segundo turno. “É difícil que ocorra pressão pelo voto, até porque a situação do PT é muito frágil. Se nós tivéssemos o tempo de TV e a máquina do PT, certamente teríamos crescido mais.” 

Sem relação. O PT não quer polemizar com a ex-prefeita, que foi militante do partido nos anos 1980 e 1990. Aliado de Haddad, o deputado Orlando Silva, presidente do PCdoB paulista, avalia que a candidata do PSOL não atrapalha o desempenho do prefeito. “Os pontos que a Erundina perdeu não foram recolhidos pelo Haddad. Não tem relação direta”, disse. Para Silva, os votos da deputada são de pessoas que são gratas ao que ela fez na cidade, e não necessariamente de pessoas de esquerda.

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