BRASÍLIA - Convocado a depor na manhã desta terça-feira, 12, na CPI do Cachoeira, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), levará à comissão cópias dos extratos bancários de suas contas em quatro instituições financeiras, entre janeiro e julho de 2011. Entre março e maio do mesmo ano, ele recebeu pela venda de uma casa em Goiânia três cheques no total de R$ 1,4 milhão, assinados por Leonardo Augusto Ramos, sobrinho do contraventor Carlos Cachoeira.Levará, também, cópias dos extratos bancários cedidos por seu ex-assessor Lúcio Fiuza, que intermediou a venda do imóvel, para tentar mostrar que ele não recebeu comissão pela venda. Com os extratos e outros documentos que comprovariam o valor de mercado do imóvel, Perillo espera encerrar a polêmica em torno do preço real da casa e os rumores de que também teria recebido um complemento em dinheiro pela venda. Mas não deverá escapar do pedido de quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico, defendido pela bancada do PT na CPI. "Já há indícios suficientes para o pedido de quebra dos sigilos do governador", diz o deputado Paulo Teixeira (PT-SP). "Marconi terá que explicar o inexplicável. Quem o acusa não é o PT; é a Polícia Federal", diz o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP). Para Tatto, o governador deve explicações sobre a influência de Cachoeira na administração estadual. Perillo também terá de esclarecer os depósitos em seu nome, por uma empresa ligada a Cachoeira, ao coordenador de rádio de sua campanha a governador, Luiz Carlos Bordoni, como revelou o Estado. Em reunião ontem, os petistas decidiram cobrar explicações de Perillo, sem descambar para ataques pessoais. "Ele será massacrado com dados; a sessão não pode virar baixaria", diz o líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA). Para o PSDB, os petistas terão de ser cautelosos, pois cometeram o erro político de convocar, para o dia seguinte, o governador do DF, Agnelo Queiroz (PT). Assim, os petistas passaram o fim de semana atrás de dados que possam comprometer o tucano, analisando as quebras de sigilos de integrantes do esquema Cachoeira. "Nós vamos manter o foco na organização criminosa. Não vamos perguntar sobre contribuição de campanha. Nisso, não vamos nem entrar", diz o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP). Já os tucanos estudam o inquérito da Operação Saint-Michel da Polícia Federal, que investigou as ligações do esquema de Cachoeira com o governo do DF e a Delta. A expectativa é encontrar um elo entre Agnelo e o contraventor, que até agora não há.
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