Haddad lança candidatura à reeleição com PT esperando disputa mais difícil

Em discurso, ex-presidente Lula afirmou que eleição em São Paulo será complicada, mas aconselhou atual prefeito a investir no diálogo com a periferia; presidente afastada, Dilma não compareceu à convenção

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Por Valmar Hupsel Filho

Com menos pirotecnia mas com forte engajamento da militância no lema "Fora Temer", o PT referendou neste domingo, 24, a candidatura à reeleição do prefeito de São Paulo Fernando Haddad numa convenção marcada pela avaliação de que a campanha deste ano na capital paulistana deverá ser uma das mais difíceis já enfrentadas pelo partido. Haddad concorrerá numa chapa formada pelo PT, PC do B, PDT, PR e o Pros, fechado de última hora, tendo Gabriel Chalita como vice. 

"Esta possivelmente será a eleição mais difícil que a gente vai concorrer em São Paulo", disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura de seu discurso. A avaliação também foi feita por outros oradores, como o presidente municipal do PT, Paulo Fiorilo. 

Haddad terá como vice Gabriel Chalita (PDT-SP) Foto: Werther Santana/Estadão

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Segundo Lula, a fórmula para conquistar a reeleição é a mesma que a usada há quatro anos: mostrar as qualidades de Haddad e investir no diálogo com a periferia. O ex-presidente lembrou que, em 2012, quando Haddad "parecia candidato em liquidação" com baixos índices de intenção de votos, disse ao então candidato para "conversar com nosso povo porque todas as eleições nós ganhamos na periferia". 

A diferença, segundo Lula, é que este ano tanto Haddad quanto Chalita "são mais conhecidos que nota de dois reais". "O que não é conhecido são as maravilhas que ele fez pela cidade", disse. Na opinião do ex-presidente, Haddad cometeu engano de não fazer propaganda sobre as coisas que feze orientou a coordenação da campanha a fazer folhetos com a lista de obras da gestão petista para o que ele chamou de "informação de mesa de bar". "Porque a gente tem que ter na ponta da língua a resposta quando alguém perguntar o que ele fez". 

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Lula pediu a Haddad e Chalita que não "falem mal" das candidatas Marta Suplicy (PMDB) e Luiza Erundina (Psol), ex-prefeitas de São Paulo pelo PT. Ele afirmou ainda que pretende viajar pelo Brasil para pedir votos a candidatos petista, mas afirmou que São Paulo é a prioridade. 

O ato, realizado na quadra do sindicato dos Bancários, no centro de São Paulo, contou com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ex-ministros de sua gestão, como Ciro Gomes e Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, e representantes dos partidos aliados e candidatos a vereador, entre eles Eduardo Suplicy, o mais celebrado deles. Marcaram presença também representantes de movimentos sociais e ligados à causa LGBT. 

Por diversas vezes a frase "Fora Temer" foi gritada pelo público e repetida por alguns oradores. Em seu discurso, Lula também citou Temer ao agradecer a vice-prefeita de São Paulo, Nadia Campeão (PC do B), que não vai participar da chapa à reeleição. Se Temer tiversse se preocupado em olhar o comportamento da vice de São Paulo certamente não teria dado o golpe", disse. "Ele tinha que saber que o vice era para auxiliar o titular. Ele não. Ele ficou pensando 'vou auxiliar mas vou tomar'", completou. 

Dilma. A presidente afastada, Dilma Rousseff não participou da concenção mas encaminhou uma carta a Haddad, que foi lida em voz alta. No texto, Dilma afirmou que o Brasil vive um momento de exarcebação do conflito entre forças democráticas e facções conservadoras, cujo recrudescimento resultou em suas no que chamou de golpe "por meio de uma fraude jurídica e uma farsa parlamentar". 

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"Na eleição municipal que se aproxima é inevitável que a maior cidade brasileira seja palco deste antagonismo político. São Paulo será palco real e emblemático de dois projetos distintos de país e duas visões antagônicas de mundo. O Brasil golpista e o Brasil democrático estarão duelando na eleição em São Paulo", afirmou a presidente. 

Ao discursar, Haddad recordou que durante a campanha há quatro anos afirmou que o bem mais precioso do paulistano é o tempo. "Queremos garantir cidadania medindo o tempo das pessoas", disse. "Quero que vocês me apresentem um trabalhador pobre desta cidade que não tenha ganhado tempo com intervenções em mobilidade que fizemos", afirmou ele, lembrando ações de sua gestão como os corredores exclusivos de ônibus e a redução da velocidade dos carros nas marginais. 

Haddad também lembrou que a implantação de ciclovias, um dos carros-chefes de sua gestão, contribuíram para a redução de 34% do número de acidentes envolvendo bicicletas, sendo que no período dobrou-se o número de ciclistas. "Hoje, 12% dos paulistanos usam ciclovias mais de três vezes por semana", disse.