BRASÍLIA — De olho no apoio do eleitorado religioso à sua candidatura ao Palácio do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira, 28, que o presidente Jair Bolsonaro (PL) é um “fariseu”, que usa o nome de Deus em vão. Bolsonaro conta com amplo apoio entre os evangélicos, mas a campanha do petista tem tentado conquistar o voto desse segmento da população. Na Bíblia, os fariseus são descritos como adversários de Jesus.
“Ele mente todo santo dia. Ele é uma pessoa que mente, inclusive, usando o nome de Deus em vão. Ele não é evangélico, ele não é católico, é um fariseu, que se utiliza da boa-fé de milhões de brasileiros evangélicos e católicos que votaram nele”, afirmou Lula, durante um ato da Rede, em Brasília, em apoio à sua candidatura à Presidência.
No discurso, o petista criticou o que chamou de “negação da política” desde as manifestações de rua de 2013, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, e disse que nas próximas eleições o povo brasileiro vai dar um “golpe no fascismo”, numa referência à eventual derrota de Bolsonaro.
“Ele foi eleito presidente com base em mentiras. Ele foi eleito presidente com base no ódio, com base na provocação, e ele pensa que vai se reeleger assim. Não vai se reeleger. Dizem todo dia ‘o Bolsonaro está preparando um golpe, vai ter golpe neste País’. Dia 2 de outubro o povo brasileiro vai dar um golpe no fascismo e vai restabelecer a democracia”, afirmou Lula.
Na tentativa de conquistar o voto religioso, o PT vai lançar um podcast e um programa de entrevistas destinados aos evangélicos, que representam 30% do eleitorado do País. A previsão era de que o lançamento ocorresse no mês passado, mas a formatação da estratégia atrasou por causa de uma crise na comunicação da campanha de Lula.
No começo desta semana, o ex-presidente escolheu o publicitário baiano Sidônio Palmeira como novo marqueteiro, após a saída de Augusto Fonseca, que ficou desgastado após divergências internas relacionadas aos rumos da campanha.
O ato da Rede em apoio a Lula foi organizado pelo senador Randolfe Rodrigues (AP), que faz parte da coordenação da campanha do petista à Presidência, mas nem todos os integrantes da legenda quiseram subir no palanque com Lula. A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva e a ex-senadora Heloísa Helena, figuras históricas da sigla, não compareceram à cerimônia. As duas deixaram o PT após romperem com o ex-presidente durante o governo dele.
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