O PSB oficializou nesta sexta-feira, 8, a indicação do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para compor uma chapa presidencial ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O anúncio foi realizado durante encontro de Lula, Alckmin e os presidentes nacionais do PT e PSB, Gleisi Hoffmann e Carlos Siqueira. Formalmente, o diretório nacional do PT precisa avalizar a chapa com o ex-tucano — o que deve acontecer em reunião na próxima semana. Na prática, no entanto, os dirigentes do partido e o próprio Lula tratam Alckmin como o vice que irá disputar ao lado do petista a eleição contra o presidente Jair Bolsonaro (PL).
A formalização do nome de Alckmin foi feita através de uma carta do diretório do PSB, na qual o presidente da legenda diz que a inclusão do ex-governador na chapa com Lula irá “somar potência e amplitude à resistência contra o autoritarismo que será liderada pelo companheiro Lula”. “É preciso reconhecer que a disputa que se dará no pleito eleitoral pela Presidência da República não está propriamente relacionada aos embates de natureza histórica, entre esquerda e direita. O que estará em questão nas eleições de 2022 é o confronto decisivo entre democracia e autoritarismo”, escreveu Carlos Siqueira.
Lula disse estar certo de que o PT aprovará a chapa — que já vem sendo costurada há um ano —, elogiou a experiência de Alckmin e prometeu ao ex-tucano que ele será recebido como "um velho companheiro" dentro do partido. "Nós estamos dando uma demonstração muito forte ao Brasil, muito forte. Nós estamos colocando juntos as nossas experiências para a gente recuperar o Brasil para o povo brasileiro", disse Lula.
Chamado de "senhor" por Alckmin, o petista pediu que os dois deixem nomenclaturas formais de lado. "Daqui para a frente você não pode mais ser tratado de ex-governador, eu não posso ser tratado de ex-presidente. Você me chama de companheiro Lula e eu chamo você de companheiro Alckmin e fica selado que nós estamos mudando", disse Lula.
A movimentação para o lançamento da união entre os dois começou no início de 2021 e se tornou pública em dezembro, quando os dois posaram para foto juntos em encontro organizado pelo grupo de advogados chamado Prerrogativas. A aparição dos dois juntos aconteceu logo após o ex-governador ter deixado o PSDB depois de 33 anos no partido. De lá para cá, Alckmin se filiou ao PSB, abrindo caminho para uma composição com o PT na disputa nacional, e fez elogios ao ex-presidente.
"Política não é uma arte solitária, a força da política é centrípeta. Nós vamos somar esforços aí pra reconstrução do nosso país", disse o ex-governador, em discurso ao lado de Lula nesta sexta-feira.
O petista prometeu que a união não tem apenas intenção de ganhar a eleição e garantiu que o PSB terá espaço em um futuro governo. Os dois partidos ainda precisam resolver pendências, no entanto, sobre os palanques estaduais em São Paulo, Espírito Santo, Rio de Grande do Sul e Acre — Estados onde PT e PSB têm candidatos próprios.
Em São Paulo, onde o petista Fernando Haddad aparece na liderança das pesquisas de intenção de voto para o governo estadual. Atrás de Haddad, Márcio França, do PSB, defende a viabilidade de seu nome e diz ser o único capaz de conquistar votos de eleitores de esquerda e de direita. "Você vê um bolsonarista votando no Haddad?", argumentou França, presente no evento com Lula e Alckmin.
"Os partidos políticos têm sua autonomia. Cada um tem seu candidato. Quando é possível ter um candidato unificado, ótimo, como é o caso de alguns estados em que nós apoiamos o PT. O PT nos apoia ainda em poucos, mas apoia em estados importantes, como Pernambuco, Rio de Janeiro e Maranhão. Mas estamos esperando apoio em outros", afirmou Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB.
O PT deve dar uma pré-aprovação ao nome de Alckmin em reunião no próximo dia 14, apesar da resistência de grupo minoritário. A chapa, no entanto, só será formalizada nas convenções partidárias, em julho. Alckmin e Lula devem aparecer juntos novamente no dia 30, quando o PT pretende reunir lideranças de todos os partidos que formarão uma frente de apoio à chapa presidencial, além de personalidades públicas e artistas. O objetivo é realizar um grande ato, no Anhembi, de resistência a Bolsonaro e apoio a Lula, para mostrar o arco de apoio do ex-presidente, com o líder do movimento sem-teto Guilherme Boulos e o ex-tucano Geraldo Alckmin como destaques.
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