'Meu pai jamais autorizaria ele a falar de CPMF na imprensa', diz Flávio Bolsonaro

Deputado estadual desautoriza o conselheiro econômico da campanha presidencial do PSL e afirma que 'palavra final' é do candidato ao Planalto nas eleições 2018

PUBLICIDADE

RIO - Um dia após a crise aberta no entorno do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) pela divulgação da proposta tributária do seu assessor econômico, Paulo Guedes, um dos filhos do candidato ao Planalto nas eleições 2018, Flávio Bolsonaro, afirmou nesta quinta-feira, 20, que a palavra final na campanha é de seu pai.

PUBLICIDADE

“Ele é o presidente (sic), mais ninguém”, disse Flávio, que é deputado estadual e concorre ao Senado pelo PSL. O parlamentar afirmou que seu pai “jamais iria autorizar (Guedes) a falar na imprensa de CPMF”.

“A palavra final é do meu pai, sempre”, declarou, em rápida entrevista em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio. O Estado o questionou sobre a intenção do economista de unificar impostos em um tributo cobrado nos moldes da CPMF, extinta em 2007. A ideia causou mal-estar no mercado e levou o candidato, internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde se recupera de uma facada, a tuitar que quer reduzir a carga tributária.

O candidato ao Senado pelo Rio Flávio Bolsonaro segura máscara do pai, o presidenciável Jair Bolsonaro, que ganhou de admiradores Foto: Constanza Resende/Estadão

A reação de Bolsonaro e as afirmações de Flávio colocam em dúvida o discurso econômico do presidenciável. Até então, o candidato dizia nada entender de economia e delegava o assunto a Guedes, a quem chamava de “Posto Ipiranga”, em alusão a uma campanha de publicidade. Agora, Bolsonaro mostrou que vai, sim, intervir em assuntos econômicos.

Publicidade

Segundo Flávio, seu pai “ouve muito o Paulo Guedes”. “A palavra final é dele (do presidenciável), mas acho que eles chegam num ponto convergente, como tem acontecido direto agora”, afirmou. Ele disse também não saber se Guedes e seu pai conversaram previamente sobre a proposta tributária apresentada pelo economista. 

O candidato ao Senado pelo Rio declarou que não fala com Guedes “há um tempão” e que o economista “está sumido”. “Está fazendo as palestras dele.” E minimizou a repercussão da proposta de Guedes. “Ele pode falar alguma coisa que é mal interpretada; ele explica que não é aquilo, e vocês continuam acatando o negócio”, disse.

O incidente levou Bolsonaro pai a pedir que Guedes e também a seu candidato a vice, general da reserva Hamilton Mourão (PRTB), reduzissem suas atividades eleitorais. Mourão causou constrangimento por declarações polêmicas.

Máscara. Durante rápida passagem por seu gabinete à tarde, Flávio recebeu um grupo de admiradores que lhe entregou uma máscara de borracha em tamanho real da cabeça de seu pai. Chegou a ensaiar vesti-la, mas desistiu. “O olho está todo branco, parece mórbida”, afirmou, rindo. A cena foi filmada por admiradores da família Bolsonaro que estavam no ambiente do deputado.

Publicidade