Mirando o Telegram, MPF cobra respostas de Google e Apple sobre política de proibição de aplicativos

Procurador responsável pelo inquérito também questionou se já foi avaliada ou adotada alguma medida de bloqueio contra plataformas que fomentam discussões inverídicas e danosas à coletividade

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Foto do author Weslley Galzo

BRASÍLIA - O Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo realizou mais uma investida contra as redes sociais que desrespeitam as exigências da Justiça brasileira. A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão encaminhou ao Google e à Apple questionamentos sobre as políticas das plataformas para proibir aplicativos “que causem potencial dano a interesses coletivos”, como tem sido considerado o Telegram.

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Dentre os questionamentos, o relator da investigação cobra que “seja informado se, em tal política, há ou não previsões que proíbam a disponibilização e a comercialização de aplicações fornecidas por provedores que, de modo notório, não cumprem ordens oriundas de órgãos de controle e/ou do Poder Judiciário brasileiros”.

O pedido de informação foi feito no âmbito do inquérito civil público sobre desinformação e mentiras veiculadas em larga escala nas redes sociais. As empresas de tecnologia têm quinze dias para encaminhar as respostas ao MPF. O documento com as perguntas foi assinado pelo procurador Yuri Corrêa da Luz — responsável pela condução do inquérito civil público em São Paulo.

Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo realizou mais uma investida contra as redes sociais que desrespeitam as exigências da Justiça brasileira. Foto: REUTERS/Dado Ruvic/Illustration

Como mostrou o Estadão, o grupo do MPF envolvido no inquérito prepara um cerco ao Telegram com medidas judiciais de curto prazo, mas, também não descarta a suspensão temporária da plataforma no País, sobretudo, durante as eleições deste ano.

No ofício ao Google e à Apple, o procurador responsável pelo inquérito também questionou se já foi avaliada ou adotada alguma medida de bloqueio contra plataformas que fomentam discussões inverídicas e danosas à coletividade. O investigador cita, por exemplo, as campanhas de desinformação nesses aplicativos contra a saúde pública, o meio ambiente, a confiança nas instituições democráticas, dentre outros.

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O MPF já oficiou outras empresas de tecnologia com representação no País, como a Meta, o TikTok, o Twitter e o WhatsApp. O Estadão mostrou que as plataformas enviaram as respostas às autoridades. O Telegram, porém, optou por se distanciar das negociações sobre a moderação de conteúdo na rede social, que figura atualmente entre os principais redutos bolsonaristas na internet.

Os chats do Telegram permitem a criação de grupos com até 200 mil pessoas, onde não raramente são compartilhadas informações falsas contra instituições e autoridades, assim como anúncios de armas, pornografia infantil, propaganda nazista e discurso de ódio. Conforme revelou o Estadão, a rede se tornou abrigo de bolsonaristas foragidos que tiveram suas contas bloqueadas em outras plataformas, como o blogueiro Oswaldo Eustáquio e o caminhoneiro Zé Trovão, ambos com perfis no Telegram.

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