BRASÍLIA - Um dia após o presidente Jair Bolsonaro selar sua volta ao Centrão, o vice-presidente Hamilton Mourão, afirmou nesta quarta-feira que a escolha pelo PL, um dos principais partidos do grupo, se deu porque o chefe do Executivo precisa de tempo de televisão e recursos para se reeleger em 2022.
"O presidente tinha que escolher um partido. Escolheu um aí”, disse o general na chegada ao Palácio do Planalto. "O presidente está formando uma coalizão com vistas à eleição do ano que vem, uma eleição diferente de 2018. Ele precisa de tempo de TV e recursos”, resumiu o vice, que tem uma relação tensa com o presidente, marcada por desentendimentos públicos. Bolsonaro já deixou claro que deverá escolher outra pessoa para compor a chapa de 2022.
O PRTB, partido de Mourão, chegou a convidar o presidente para se filiar e disputar a reeleição pela sigla. Bolsonaro, porém, preferiu entrar no partido liderado por Valdemar Costa Neto, ex-deputado condenado e preso no escândalo do mensalão petista.
O ingresso de Bolsonaro no PL consolida a ruptura com o discurso que o elegeu em 2018, mas visa fortalecer o presidente, que enfrenta queda na popularidade e tentará a reeleição no ano que vem. A cerimônia de filiação simbolizou um esboço da aliança eleitoral que o Palácio do Planalto costura para 2022. Estiveram presentes as cúpulas do Progressistas e do Republicanos, partidos com os quais o presidente também negociou.
Bolsonaro já afirmou que a escolha de Mourão se deu na última hora, na véspera da convenção do PSL, partido pelo qual se elegeu em 2018, mas com o qual rompeu no ano seguinte.
A entrada de Bolsonaro a uma das principais legendas do Centrão, após ser eleito em 2018 com o discurso da antipolítica, ocorreu ontem em Brasília na presença de ministros e parlamentares. Mourão não foi à solenidade e só acompanhou o evento “pelas notícias”, segundo ele mesmo afirmou nesta manhã.
Com a filiação, Bolsonaro terá mais estrutura, tempo de TV e recursos para a campanha do que teve na disputa anterior, pelo PSL. O PL é o terceiro maior partido da Câmara, com 43 deputados. Deve passar dos 60, com novas filiações, mas é o tamanho da bancada eleita que define a quantidade de recursos públicos recebidos pelo partido e seu tempo de TV. Em 2020, o PL teve acesso a um fundo eleitoral de R$ 117 milhões e a um fundo partidário de R$ 45,7 milhões.
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