PORTO ALEGRE - O debate político envolvendo o racismo entrou de vez na reta final da corrida eleitoral em Porto Alegre, quase uma semana depois da morte do cliente negro João Alberto Freitas, no Carrefour, na noite da última quinta-feira. O caso, que provocou protestos pelo País, envolveu seguranças e uma funcionária do supermercado. Nesta terça-feira, 24, a propaganda da candidata à prefeitura pelo PCdoB, Manuela D'Ávila, apresentou na sua propaganda na TV um vídeo no qual mostra o vice-presidente Hamilton Mourão afirmando que não existe racismo no Brasil. O áudio de Valter Nagelstein (PSD), que concorreu à Prefeitura, mas não passou para o segundo turno, falando sobre o despreparo da bancada negra eleita pelo PSOL, também é reproduzido. A peça apresenta os dois políticos como apoiadores de seu concorrente, Sebastião Melo (MDB).
Ele registrou um boletim de ocorrência contra Manuela por "crime eleitoral". Melo afirmou que a adversária o associou ao racismo ao veicular a propaganda. Ele negou as insinuações, afirmou que "eleição a gente pode ganhar ou perder, mas não manchar biografias" , que "sentiu-se atingido na sua honra pessoal". Na própria terça-feira, ele e Nagelstein recorreram à Justiça Eleitoral, pedindo a retirada do vídeo do ar. Mas nesta quarta-feira, o juíz eleitoral da 161ª Zona Eleitoral, Leandro Figueira Martins, rejeitou o pedido.
Pelo Facebook, Manuela rebateu, afirmando que Melo busca criar um "fato eleitoral" e que ele responderá na Justiça. Segundo ela, seria mais fácil o candidato do MDB dizer que não concorda com as afirmações. "Mas ele age contra mim." Ela defende que "o povo tem o direito de saber" quem são as companhias de Melo.
Desde a morte de João Alberto Freitas, o racismo não havia pautado o debate político. Os candidatos repudiaram publicamente o espacamento no hipermercado e cancelaram compromissos de campanha em respeito à vítima. Na noite de terça-feira, pesquisa Ibope para o segundo turno apontou Melo com 49% das intenções de voto ante 42% de Manuela.
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