São Paulo - Os eleitores do Acre estão entre as exceções de que a estratégia da transferência de votos de um candidato a outro pode funcionar. No Estado natal da ex-ministra Marina Silva (PSB), cidades onde a candidata teve melhor desempenho no 1º turno, foram as mesmas em que o tucano registrou mais votos. Após a derrota, Marina declarou apoio a Aécio no 2º turno e, no Acre, ele derrotou Dilma Rousseff (PT).
O senador recebeu 243 mil votos (63,6%) no segundo turno, ante 138 mil (36,6%) da presidente. Na primeira etapa da eleição, Marina venceu no Estado, com 167 mil votos (41,9%), seguida do tucano (116 mil votos, 29%) e da petista (111 mil, 27%).
Na comparação entre os mapas dos votos no Estado, é possível ver que, das cinco cidades em que Marina venceu, em quatro Aécio ficou com a maioria dos eleitores no 2º turno. A exceção foi Santa Rosa do Purus, onde Dilma havia ficado em segundo lugar no 1º turno e, no domingo, ficou com 55% dos votos. Já nas quatro cidades onde Dilma havia liderado com folga na primeira etapa, a vantagem da petista reduziu.
O caminho do voto no Estado está entre os poucos exemplos em que o eleitor pode ter acompanhado a escolha de seu antigo candidato. Em Pernambuco, onde Aécio esperava ver seu desempenho melhorar em razão do apoio da família do ex-governador Eduardo Campos, o tucano recebeu mais votos, mas ficou distante de Dilma. Em apenas uma cidade o senador teve maioria.
Voto tucano. Nas eleições anteriores, em 2010, quando Marina disputou a presidência pelo PV, a então candidata ficou em terceiro lugar no seu Estado. A maioria do eleitor acreano preferiu José Serra (PSDB). Naquela eleição, aliás, o candidato tucano teve, proporcionalmente, desempenho melhor do que o registrado por Aécio neste ano. Serra foi escolhido por 222 mil eleitores, 63,9% do total. Já a então candidata Dilma ficou com 96 mil votos, 30,3%.
Apesar da maioria da votação tucana nas últimas duas eleições, o voto petista aumentou no Estado. Em 2010, por exemplo, Dilma venceu em apenas uma cidade acreana. Neste ano, em sete municípios a petista liderou, mas por maioria apertada de votos.
O Acre é governado pelo PT há 12 anos e nesse domingo os eleitores garantiram mais quatro anos ao partido com a reeleição de Tião Viana. Ao contrário de Marina e da Executiva Nacional do PSB, o diretório da legenda no Estado manteve a aliança histórica com os petistas e declarou apoio a Dilma.
Polarização estadual. A exemplo da disputa nacional, o pleito no Acre repetiu a polarização entre PT e PSDB. Tião Viana foi reeleito com 51,2% dos votos, contra 48,7% recebido por Márcio Bittar (PSDB). A diferença entre eles foi de apenas 9.851 votos. Em 2010, Viana também derrotou um tucano, Tião Bocalom, numa disputa ainda mais acirrada, com uma diferença de apenas 4.497 votos.
A abstenção no Estado no segundo turno chegou a 22,18%, o que equivale a dizer que 112 mil pessoas deixaram de votar. A ausência foi menor do que o visto em 2010, quando 134 mil não compareceram às urnas.
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