Reeleito prefeito de Jundiaí, no interior paulista, com quase 70% dos votos em 2020, o tucano Luiz Fernando Machado, de 44 anos, foi escolhido pelo governador João Doria (PSDB) para coordenar a comunicação de sua campanha à Presidência da República. Liderança jovem do partido, Machado chegou ao comando da sétima maior economia do Estado na onda antipetista de 2016 e com o apoio do MBL, grupo que hoje dá suporte à pré-candidatura do ex-juiz Sérgio Moro (Podemos).
Atuante nas redes sociais, Machado se aproximou de Doria durante as prévias tucanas e, neste ano, passou a integrar o núcleo eleitoral do governador e a frequentar o Palácio dos Bandeirantes.
De perfil mais conservador – foi autor de um projeto em defesa da “escola sem partido” quando deputado estadual (2015-2017) –, Machado deixou a Câmara Municipal de Jundiaí promulgar proposta semelhante na cidade, que foi derrubada posteriormente pela Justiça. Ele ainda defende a legislação que diz “proteger as crianças da politização e conteúdo ideológico no ambiente escolar”, mas, desta vez, afirmou que a demanda da população tem relação com a pauta social, não ideológica.
O prefeito disse que a comunicação de Doria deve ter a capacidade de mostrar que o governador tem as respostas para as demandas do brasileiro. “Temos de colocar ao eleitor o sucesso da gestão, as boas entregas. Isso hoje não reflete na imagem do governador. Entendo que a comunicação deva ter essa efetividade ao tratar dos benefícios que o governo em São Paulo proporcionou para o Estado e o quanto isso pode ser reproduzido no Brasil, sob o aspecto do crescimento econômico, geração de emprego e amparo social. Esse deve ser o mote da campanha.”
Equipe
Machado chega para completar uma equipe experiente de comunicação, composta pelos marqueteiros Chico Mendez e Guillermo Raffo, que fizeram a campanha de Henrique Meirelles em 2018, e o especialista em mídia digital Daniel Braga. Doria tem justificado a escolha pelo fato de o prefeito de Jundiaí ser uma liderança jovem do partido, proativa (ajudou a resolver o imbróglio do aplicativo de votação durante as prévias do ano passado) e de fácil trato.
Herdeiro político do também tucano Miguel Haddad, que foi três vezes prefeito de Jundiaí e hoje exerce o cargo de deputado federal como suplente, Machado foi vereador, deputado estadual e federal. Em suas campanhas, o discurso antipetista sempre foi ressaltado e agora, com Doria, não deve ser diferente.
Apesar das críticas recorrentes feitas por Doria ao presidente Jair Bolsonaro, Machado indicou que o PSDB deve se preocupar com a atual estratégia petista, de avançar sobre quadros histórico tucanos, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-senador Aloysio Nunes – ambos já se encontraram com Lula.
“O PSDB não pode se permitir fazer parte da estratégia do PT. Quando o PT se aproxima de figuras do PSDB ele quer dizer que existe uma sinergia entre as duas propostas para o País, mas elas são distintas. E o PT não tem o monopólio da pauta social”, disse. Doria divide a mesma avaliação e, apesar de não ser unanimidade hoje no partido, afirma que chegará à campanha com apoio interno. “Quando não se tem uma estratégia própria você passa a fazer parte da estratégia do outro”, declarou Machado, com aval do novo chefe.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.