Em uma tentativa de evitar o colapso da chamada terceira via na disputa presidencial e a judicialização das prévias tucanas, as cúpulas do PSDB e do MDB admitem um acordo para indicar o ex-governador João Doria como vice da senadora Simone Tebet (MS). Os dois partidos estabeleceram o dia 18 de maio como prazo final para anunciar o desfecho das negociações.
Doria, porém, resiste a abrir mão da cabeça de chapa e aliados dizem que pretendem lançar uma chapa pura caso as conversas com outras forças políticas não prosperem. Filiada ao Cidadania, que formou federação com o PSDB, a senadora Eliziane Gama (MA) é apontada como eventual vice de Doria no grupo do ex-governador.
Na leitura de integrantes da executiva do PSDB, a ideia de indicar o ex-governador como vice de Simone não é a preferida da bancada ou das bases, mas ajudaria a pacificar a legenda e evitaria uma guerra jurídica. Doria ameaçou recorrer à Justiça Eleitoral para garantir o resultado das prévias do ano passado, caso seus adversários internos tentem retirar sua candidatura por meio do diretório nacional ou na convenção.
“A decisão final (sobre ser ou não candidato) será do João Doria, que foi eleito democraticamente nas prévias. Não vejo a menor possibilidade de ele renunciar para ser vice. O PSDB sempre teve candidato”, disse César Gontijo, tesoureiro do PSDB e aliado do ex-governador de São Paulo.
Doria, no entanto, já admitiu a hipótese de ser vice na sabatina promovida pela Folha de S.Paulo e pelo UOL. “Nós temos de ter o bom entendimento que a prioridade é o Brasil, não somos nós. Então, eu não me priorizo nem excluo nenhuma alternativa. Nós não podemos agir dessa maneira”, disse ao ser questionado sobre se estaria em uma chapa sem ser o candidato.
O ex-governador negou que aceite ser vice de Simone. “Disse que é preciso definir critério com base em pesquisa eleitoral de intenção de voto para definir quem deve ser cabeça de chapa."
Doria tenta reatar relações no PSDB. Ele deve jantar em Brasília nesta quarta-feira, 4, com a bancada do PSDB na Câmara para sair do isolamento após ter rompido com o presidente do PSDB, Bruno Araújo, que era também o coordenador de sua pré-campanha.
Tanto no PSDB como no MDB prevalece o ceticismo sobre o prazo para definir a candidatura. Os emedebistas consideram a pré-candidatura de Simone irrevogável e pretendem lançar seu plano de governo logo depois da data, com ou sem acordo com o PSDB. “Não existe a menor possibilidade de eu ser vice”, disse Simone ao Estadão.
Em conversas reservadas, pessoas próximas a Simone dizem que o nome preferido dela para ser seu vice é o do senador Tasso Jereissati (CE), mas reconhecem que a opção Doria pode ser a saída para a terceira via.
A pré-candidatura de Simone Tebet foi exaltada por empresários em um jantar promovido por Tereza Bracher na quinta-feira passada, no qual estavam presentes nomes como Fábio Barbosa, Horácio Piva e Persio Arida.
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