BRASÍLIA - O comando da campanha de Dilma Rousseff avalia que a candidata do PSB à presidência, Marina Silva, será a principal adversária do PT daqui para a frente e já prepara uma ofensiva com "mais Lula" para enfrentá-la. Se antes havia uma preocupação com a presença exagerada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha, a cúpula do PT diz agora que a associação da imagem dele com Dilma será fundamental, principalmente no Nordeste.
As últimas pesquisas que chegaram ao Planalto mostram que Marina ultrapassou o candidato do PSDB, Aécio Neves, e está agora em segundo lugar, com diferença maior que a margem de erro dos levantamentos. Os números foram discutidos na noite de quarta-feira, 20, durante reunião de coordenação da campanha petista com Dilma e com Lula, no Palácio da Alvorada.
A avaliação interna é que, se até o início de setembro Marina estiver nessa posição, a estratégia de polarização com o PSDB - preferida pelo Planalto - terá de ser refeita. Ministros acreditam que, por enquanto, a tática de desconstrução de Marina ficará a cargo dos tucanos e já comemoram as divergências no comitê do PSB.
Na tentativa de impedir que Marina herde no Nordeste os votos do ex-governador Eduardo Campos, morto em acidente aéreo no dia 13, Lula e Dilma seguiram nesta quinta-feira, 21, pela manhã para o interior de Pernambuco. Em Floresta (PE), a dupla almoçou com os trabalhadores do Eixo Norte da transposição do Rio São Francisco. No cardápio, arroz, feijão, picadinho de carne e salada.
Entre beijos, abraços, fotos e autógrafos, os dois gravaram cenas para o horário eleitoral de TV. Na comunidade rural de Batatinha, em Paulo Afonso (BA), Dilma e Lula também provaram a galinhada de dona Nalvinha, figura conhecida na região.
Imagem modulada. Os trackings do PT sobre a estreia de Dilma na propaganda política de TV mostraram que a estratégia de mostrar a presidente como uma pessoa comum, que trabalha, cozinha e tem "saudade da filha e do neto", surtiram efeito. O PT montou uma estrutura especial de pesquisa em São Paulo, maior colégio eleitoral do País, com o objetivo de moldar a imagem de Dilma na campanha. Na lista de atributos, a presidente foi vista pela maioria dos eleitores entrevistados como uma mulher "batalhadora".
Em Minas Gerais, as pesquisas internas indicaram um cenário "avassalador" para a campanha de Aécio, nas palavras de um dirigente do PT. O tracking feito pelo partido revelou que Marina roubou muitos votos de Aécio em seu reduto eleitoral. O tucano ainda estaria na liderança, mas em situação de empate técnico com Dilma, com apenas dois pontos porcentuais à frente.
Para o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, o PT, agora, terá de trabalhar dobrado para reeleger Dilma, valendo-se de uma "artilharia forte" no programa eleitoral de TV. "Precisamos trabalhar muito, até mais do que antes, para vencer a eleição", afirmou Carvalho. "Temos de ter artilharia forte na televisão e uma infantaria forte também nas ruas. Não tem salto alto, não tem 'já ganhou', não tem essa de achar que tudo está resolvido já no primeiro turno".