SALVADOR - Capital da Bahia, Salvador tem nove candidatos à prefeitura. O vice-prefeito Bruno Reis (DEM), que herda o espólio da bem avaliada administração do prefeito ACM Neto, também do DEM, da qual também participou como secretário, sai como favorito, em uma coligação de 14 partidos.
Major Denice foi a escolhida do governador Rui Costa (PT) para disputar as eleições. Ela briga pelo voto da esquerda com Olívia Santana (PCdoB). Na direita, Pastor Sargento Isidório (Avante) tem aparecido com boa intenção de votos nas pesquisas mais recentes.
Veja abaixo quem são os candidatos à Prefeitura de Salvador:
Bruno Reis (DEM)
O vice-prefeito de Salvador, Bruno Reis, chega à disputa como favorito ancorado na popularidade do prefeito ACM Neto, seu principal cabo eleitoral. Bruno terá como maior desafio mostrar ao eleitor que tem personalidade política própria, embora represente a continuidade do projeto de Neto.
Nascido em uma família de poucos recursos, no município de Juazeiro, Bruno, de 43 anos, foi criado em bairros populares de Salvador - o que sua campanha deve explorar para se contrapor à imagem que adversários tentam colar ao classificá-lo como "elite".
Formado em Direito pela Universidade Católica do Salvador (UCSal), onde fez parte do Diretório Acadêmico, pós-graduado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e mestre pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), o vice-prefeito começou a vida pública ao exercer cargo de assessor na Câmara de Vereadores, em 1998. Mas foi no ano 2000, ao assessorar o então deputado federal ACM Neto, em Brasília, que a aproximação política e de amizade com o hoje prefeito começou a ser fortalecida.
Reis foi eleito deputado estadual por duas vezes (2010 e 2014), ganhando destaque como opositor dos governos de Jaques Wagner e Rui Costa, ambos do PT. Em 2015, se licenciou para assumir a Secretaria de Promoção Social, Esporte e Combate à Pobreza em Salvador.
Em 2016, foi eleito vice-prefeito na chapa de Neto. Em 2019, assumiu a Secretaria de Infraestrutura e Obras Públicas - ocupando lugar de destaque ao lado de Neto em anúncios e inaugurações de obras de infraestrutura, como BRT e Centro de Convenções.
Tem como vice Ana Paula, do PDT, partido de Ciro Gomes, que busca aproximação em Salvador com vistas às eleições presidenciais de 2022.
Celsinho Cotrim (PROS)
O apresentador Celsinho Cotrim (PROS), por sua vez, se coloca como candidato “nem de esquerda nem de direita, mas pra frente” e tem como vice o ex-campeão mundial de boxe Acelino Popó Freitas. Em uma dividida de segundo turno, poderia apoiar ambos os lados.
Cezar Leite (PRTB)
O candidato da direita conservadora e bolsonarista, vereador Cezar Leite (PRTB), médico, pode disputar votos com parte do eleitorado de Bruno e de Isidório - este, candidato da base de Rui que não critica explicitamente o governo Bolsonaro.
Denice Santiago (PT)
A major licenciada da Polícia Militar da BahiaDenice Santiago, idealizadora e cofundadora da Ronda Maria da Penha, que lhe rendeu notoriedade e popularidade, entra na disputa com as bênçãos do governador Rui Costa, que a preferiu em detrimento de outros nomes históricos do PT baiano. Ela filiou-se ao partido este ano. Sua vice é a deputada Fabíola Mansur, do PSB, aliado histórico do PT na Bahia.
Negra e feminista, Denice deve disputar votos com outro nome da base de Rui, a candidata Olívia Santana (PCdoB), de perfil similar. Um de seus principais desafios será o de se tornar mais conhecida pelo eleitor e convencê-lo de que não é uma criação “outsider” de Rui - termo utilizado por parte dos petistas quando seu nome foi escolhido.
Denice nasceu em um bairro popular da capital baiana, filha de petroleiro e de uma dona de casa. Dedicou 30 anos de seus 49 anos de idade ao serviço público, sendo da primeira turma de sargentos mulheres da PM-BA. Em 2015, ao criar a Ronda, responsável pelo combate à violência doméstica contra mulheres, acabou sendo referência na cidade, ganhando visibilidade, honrarias e prêmios no Brasil, como o Prêmio Claudia, na Categoria Políticas Públicas, concedido em 2017 pela Revista Claudia, da Editora Abril.
Com duas graduações, uma em Psicologia e outra em Segurança Pública, Denice também tem duas pós-graduações (Gestão de Direitos Humanos e Segurança Pública), mestrado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e é doutoranda no Núcleo de Estudos Interdisciplinares Sobre a Mulher (NEIM), também na UFBA. Agora, entra na vida político-partidária ao disputar a Prefeitura de Salvador pelo PT.
Hilton Coelho (PSOL)
O candidato Hilton Coelho (PSOL), ex-vereador e deputado estadual, que se coloca como representante da esquerda crítica ao governo de Rui e de oposição a Neto, tem como vice a militante de movimentos por moradia e ativista negra Rosana Almeida. Sua chapa tem similaridade com a de Olívia e Denice.
João Carlos Bacelar (Podemos)
O candidato João Carlos Bacelar (Podemos), da base do governador, disputa com uma chapa mais ao centro, coligada com a Rede e o PTC. Bacelar está no segundo mandato como deputado federal e foi deputado estadual por dois mandatos e vereador por três.
Historicamente, esteve ligado ao grupo político do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (o avô do prefeito) e, por essa razão, o PT aposta que seu eleitorado na capital possa vir a tirar votos de Bruno.
Olivia Santana (PCdoB)
Militante do movimento de mulheres negras, deputada estadual e eleita vereadora por três mandatos, Olívia Santana (PCdoB) concorre à prefeitura de Salvador com um vice do PP, Joca Soares, negro, ex-campeão mundial de kickboxing. O PP é a sigla do vice-governador João Leão, e uma das principais da base de apoio a Rui Costa (PT).
Olívia, cujo slogan “A negona da cidade” já é conhecido dos soteropolitanos, deve disputar votos com a candidata petista, Denice. Um desafio, também, será o de demonstrar ao eleitor as vantagens de uma parceria com um partido mais ao centro, fato inédito com o PCdoB baiano.
A candidata tem 53 anos e é filiada ao PCdoB desse 1985, seu único partido. Ela foi a primeira mulher negra eleita para o Parlamento baiano, em 2018, com 57.755 mil votos. Antes disso, foi vereadora na capital por 10 anos.
Filha de uma empregada doméstica com um marceneiro, Maria Olívia Santana é natural de Salvador e foi criada em bairros populares da capital. Na adolescência pobre, trabalhou como faxineira e conta que tinha o sonho de ser professora. Desejo realizado após cursar Pedagogia na Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Foi secretária de Educação de Salvador (2005), do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do Estado (2018) e de Política para as Mulheres do Estado (2015) - quando uma de suas iniciativas foi a de firmar parceria com a Secretaria de Segurança Pública para a implantação da Ronda Maria da Penha, idealizada pela então major na ativa, Denice Santiago.
Pastor Sargento Isidório (Avante)
Líder espiritual, policial militar aposentado e defensor de ideias polêmicas, o Pastor Sargento Isidório (Avante) chega à disputa em segundo lugar empesquisas informais feitas pelos partidos.
Embora defenda valores conservadores como a “família tradicional” e já tenha se declarado “ex-gay” e “doido”, Isidório é fiel ao PT do governador Rui Costa, atingindo um amplo espectro de eleitores, que abrange desde os evangélicos (tanto de esquerda quanto conservadores), bolsonaristas e eleitores de base mais popular. Isidório é um dos quatro candidatos ligados ao governador que buscam chegar ao segundo turno.
Manoel Isidório de Santana Júnior, 58 anos, nasceu no Subúrbio Ferroviário de Salvador, formou-se técnico de enfermagem, mas já exerceu diversas atividades como cobrador de ônibus, vendedor de "geladinho" e de gás de cozinha. Também foifeirante. Fundou a Fundação Dr. Jesus, que atua na recuperação de dependentes químicos há 29 anos e, segundo consta, já atendeu mais de 50 mil pessoas. Lá exerce seu lado de líder espiritual e gestor.
Ao ingressar na Polícia Militar da Bahia, em 1981, ganhou destaque entre colegas e acabou sendo um dos líderes da histórica greve de 2001. Já foi deputado estadual por dois mandatos, candidato a prefeito de Salvador em 2016 e o deputado federal mais votado do Estado em 2018, com 323.264 mil votos. Só em Salvador foram 169.807 mil votos.
Ao se coligar com o PSD em 2020, passa a ter o apoio dos caciques do maior partido da base de Rui, os senadores Otto Alencar e Ângelo Coronel -cuja mulher, Eleusa, é a vice na chapa. O candidato tem como principal desafio convencer um eleitor de centro mais popular de que o “doido” é, na verdade, um personagem criado, que reveste o político.
Rodrigo Pereira (PCO)
O candidato do Partido da Causa Operária (PCO), Rodrigo Pereira, 34 anos, que dizser “militante revolucionário” e contra o fascismo e o capitalismo, completa o quadro da disputa na capital baiana.
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