A primeira pesquisa Ibope/Estado/TV Globo desde o início oficial da campanha das eleições 2018 mostra o candidato Jair Bolsonaro (PSL) como líder da corrida presidencial, com 20%, no cenário em que Luiz Inácio Lula da Silva não é apresentado aos eleitores. A seguir vêm Marina Silva (Rede), com 12%, e Ciro Gomes (PDT), com 9%.
Já no cenário em que Lula é incluído, o ex-presidente aparece em primeiro lugar, com 37%, e Bolsonaro cai para a segunda colocação, com 18%. Considerados apenas os votos válidos (excluídos os brancos e nulos), a taxa do petista chega a 47%.
Como Lula é candidato apenas do ponto de vista formal, e essa situação pode ser alterada a qualquer momento pela Justiça Eleitoral – o petista foi condenado em segunda instância e está preso por corrupção e lavagem de dinheiro –, o cenário mais provável da corrida eleitoral é aquele em que ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad figura como candidato do PT.
Nesse caso, Haddad tem 4% das intenções de voto e aparece numericamente atrás do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, candidato pelo PSDB, que tem 7%.
No cenário sem Lula, com exceção de Bolsonaro, os demais candidatos aparecem empatados tecnicamente com um ou mais adversários. Marina e Ciro, por exemplo, estão nessa situação. O mesmo ocorre com Ciro e Alckmin. As taxas do tucano e de Haddad estão dentro da margem de erro de dois pontos porcentuais para mais ou para menos. Alvaro Dias, do Podemos, aparece com 3%, em situação de empate técnico com o petista.
Henrique Meirelles, do MDB, tem 1% e está no bloco dos chamados nanicos, com a mesma taxa de Cabo Daciolo (Patriota), Vera Lúcia (PSTU), João Goulart Filho (PPL), João Amoedo (Novo), Guilherme Boulos (PSOL) e Eymael (DC).
60% não votariam em Haddad com apoio de Lula
Ainda no cenário sem Lula, a parcela de eleitores disposta a votar nulo ou em branco chega a 29%. Os indecisos somam 9%. É significativo o nível de desinformação do eleitorado sobre o fato de que Haddad é o “plano B” do PT e que terá o apoio de Lula. Quando esta situação é exposta aos entrevistados, 13% afirmam que “com certeza” votariam nele, e outros 14% dizem que “poderiam votar”. “Isso mostra que, se Lula não for candidato, Fernando Haddad tem potencial para crescer e disputar o segundo lugar com as demais candidaturas”, disse Marcia Cavallari, diretora executiva do Ibope.
Para provocar a reação do universo total de entrevistados em relação ao “plano B”, o Ibope faz a seguinte pergunta: “Caso o candidato pelo PT, Lula, seja impedido de disputar a eleição para presidente da República e declare seu apoio a Fernando Haddad, o(a) sr(a) com certeza votaria em Fernando Haddad, poderia votar nele ou não votaria em Fernando Haddad de jeito nenhum?” As respostas a essa questão mostram ainda que, quando provocados, 60% não pretendem votar no ex-prefeito de São Paulo em nenhuma hipótese.
Na pesquisa espontânea, em que o Ibope pergunta em quem os entrevistados vão votar antes mesmo de mostrar o disco com os nomes dos candidatos, Lula tem quase o dobro das intenções de voto de Bolsonaro (28% a 15%). Entre os demais candidatos, nenhum supera a faixa dos 2%.
Quando os eleitores são instados a declarar em quais candidatos não votariam de jeito nenhum, podendo citar um ou mais nomes, Bolsonaro está em primeiro lugar, com 37%, seguido de Lula, com 30%. Alckmin (25%) e Marina (23%) vêm logo a seguir.
Para 27%, Bolsonaro vai ganhar eleição
O Ibope mede ainda a expectativa de vitória, ou seja, pergunta aos eleitores, independentemente de sua opção, quem eles acham que vai ganhar a eleição. Nesse caso, Bolsonaro fica com 27%. Empatado tecnicamente com ele, porém, aparece Lula, com 30% – isso significa que quase um terço do eleitorado desconsidera a hipótese de o ex-presidente ser impedido de disputar a eleição.
Esta é a primeira pesquisa Ibope desde o início oficial da campanha, e também desde a definição de que haverá 13 candidatos a presidente. Como os levantamentos anteriores incluíam mais candidatos, entre eles Manuela D’Ávila (PC do B) e Flávio Rocha (PRB), não é correto comparar os resultados atuais com aqueles.
Apenas para referência, pesquisa CNI/Ibope feita no final de junho mostrava Lula à frente, com 33%, seguido de Bolsonaro (15%), Marina (7%), Ciro (4%) e Alckmin (4%). No cenário sem Lula, Bolsonaro aparecia com 17%, Marina com 13%, Ciro com 8%, e Alckmin com 6%. Haddad tinha apenas 2%.
O Ibope ouviu 2.002 eleitores, em 142 municípios, entre os dias 17 e 19 de agosto. O registro na Justiça Eleitoral foi feito sob o protocolo BR-01665/2018. Os contratantes foram o Estado e a TV Globo. / COLABORARAM LUIZ FERNANDO TOLEDO, CECÍLIA DO LAGO e ALESSANDRA MONNERAT
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