A saída de Sérgio Moro (União Brasil) da corrida presidencial abriu margem para outros pré-candidatos crescerem na disputa, aponta pesquisa XP/Ipespe divulgada nesta quarta-feira, 6. O presidente Jair Bolsonaro (PL) subiu quatro pontos, de 26% para 30%, do último levantamento para este - seu melhor desempenho registrado até o momento. Ele permanece atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que mantém a liderança com 44%, patamar que não cresce desde dezembro.
Excluído o ex-juiz da relação de presidenciáveis, Ciro Gomes (PDT) avançou de 7% para 9% nas intenções de voto; João Doria (PSDB), de 2% para 3%; e Simone Tebet, de 1% para 2%. Todas as oscilações estão dentro da margem de erro. Indecisos e os que preferem votar nulo ou branco também cresceram, e foram de 9% para 12%. Anteriormente, o Estadão mostrou que a saída de Moro influenciava o porcentual de “brancos e nulos”.
Para o cientista político José Álvaro Moisés, a distribuição de votos do ex-juiz para Ciro e Doria não gera um impacto capaz de recolocar a possibilidade eleitoral destes pré-candidatos. Já no caso de Bolsonaro, segundo Moisés, o aumento é mais nítido e representaria o contingente de eleitores que apoiavam o presidente mas estavam descontentes com seu governo e viram em Moro uma saída.
“Desde o início os eleitores do Moro eram eleitores que provavelmente votaram no Bolsonaro em 2018 e, agora, com uma visão crítica, estavam mudando de posição, mas não mudando o campo político ideológico ao qual eles pertencem”, disse. “O que os dados estão mostrando é que a migração mais importante ocorre dentro do próprio campo da direita”, completou.
Já a cientista política Graziella Testa, professora da Fundação Getulio Vargas entende que o crescimento de Bolsonaro não apenas está dentro da margem de erro, como não deve ter como única causa a saída de Moro da disputa. Segundo ela, a instituição do Auxílio Brasil e a melhora da situação da pandemia sobem a aprovação ao governo entre os mais pobres.
Ainda assim, entende que a desistência de Moro fortalece a candidatura de Bolsonaro, primeiro por ser uma competição no campo da direita, depois pelo ex-juiz ser um ex-apoiador do presidente. “A presença de Moro em 2018 foi um fator que não pode ser desconsiderado. Isso pode significar que uma parte do eleitorado que apoia Moro não desgosta de Bolsonaro”. Ela ressalta, ainda, a possibilidade de existir um eleitorado de Moro que pode migrar a Bolsonaro, mas que ainda não está disposto a falar sobre isso, o que chama de “voto envergonhado”.
Para 27%, apoio de ex-juiz dificultaria voto; 15% seguiria indicação
Segundo o levantamento divulgado ontem pela XP/Ipespe, para 27% dos entrevistados, o apoio de Sérgio Moro (União Brasil) dificultaria o voto em um candidato, enquanto apenas 15% se sentem mais inclinados em seguir a indicação do ex-juiz.
No cenário espontâneo, em que o entrevistado expressa sua preferência sem que seja apresentada uma lista de opções, o ex-presidente Lula continua liderando com 36%. Já Bolsonaro cresceu, e agora tem 27%, melhor resultado na série histórica iniciada em 2020.
No segundo turno, o petista vence o atual chefe do Executivo com vantagem de 20 pontos, com 53% contra 33%. A distância, contudo, é menor do que há dez dias, quando era de 23 pontos.
O Ipespe ouviu mil eleitores entre os dias 2 e 5 de abril. A margem de erro do levantamento é de 3,2 pontos porcentuais, para mais ou para menos, e o código do registro na Justiça Eleitoral é BR-03874/2022.
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