BRASÍLIA – O novo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, disse nesta segunda-feira, 1.º, minutos depois de declarado eleito, que vai estabelecer uma pauta emergencial para enfrentar a pandemia do novo coronavírus. Em seu discurso de vitória, Lira disse que vai buscar “pontos mínimos” de convergência com os demais Poderes para ajudar o povo a superar os traumas da pandemia.
De pé ao lado da cadeira de presidente da Casa, Lira disse que não há trono no plenário. “Não me confundo com essa cadeira e jamais irei me confundir”, afirmou. “A cadeira é giratória para que seu ocupante seja capaz de olhar para o centro, para a direita e para a esquerda.”
Apoiado pelo Palácio do Planalto, Lira foi eleito com 302 votos, após uma disputa marcada por traições, recuos e denúncias de compra de votos. A escolha de Lira representa a vitória do Centrão, grupo de partidos conhecido pela prática do “toma lá, dá cá”, e um novo capítulo para o governo de Jair Bolsonaro, que aposta em uma agenda mais conservadora do que liberal para conquistar novo mandato.
Lira usou seu discurso inaugural para defender ampla vacinação contra a covid-19. O presidente Jair Bolsonaro já levantou dúvidas quanto à vacinação e faz questão de frisar que ela não é obrigatória. A conduta do Ministério da Saúde é alvo de investigação pelo Ministério Público Federal.
Temos que fortalecer a rede de proteção social. Temos que vacinar, vacinar e vacinar o nosso povo. Temos buscar equilíbrio de contas publicas e dialogara com mercado e sociedade de forma transparente
Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados
O parlamentar disse que será necessário “travar debate com os demais poderes de forma transparente e coletiva” e que a pauta não será escolhida somente por ele. A base do governo Bolsonaro, formada principalmente por deputados de partidos Centrão, cobra o restabelecimento do auxílio emergencial, encerrado pelo governo.
Lira também defendeu reformas econômicas, mas não citou quais defende como prioritárias. “Não cabe ao presidente da Câmara decidir com que velocidade e quais prioridades”, ponderou. “Temos que avançar nas reformas que vem sendo tentadas por diferentes governos ,mas no contexto atual são mais urgentes do que nunca.”
Ele disse que vai convocar o plenário a decidir quais são as pautas a serem incluídas na pauta, respeitando a proporcionalidade.
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