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Um olhar crítico no poder e nos poderosos

Opinião | A CPI vem aí e Lula alimenta o bolsonarismo, que é craque em inverter a verdade

Lula derrapa ao dar carne aos lobos, mas foi bem e rápido ao demitir o general Gonçalves Dias

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Foto do author Eliane Cantanhêde

O presidente Lula comete um erro grave ao reforçar um dos discursos bolsonaristas mais corrosivos contra ele: o que Lula 3, mais populista, esquerdista e petista do que nunca, estaria empurrando o Brasil para alianças com a extrema esquerda internacional e o comunismo. Um discurso que se consolidou na campanha de 2022 e é capaz de minar a confiança de boa parte do eleitorado que votou nele para evitar o “mal maior”.

Três décadas após a queda do muro de Berlim e do desmoronamento da União Soviética, nem os partidos que são “comunistas” na sigla são mais comunistas, mas o bolsonarismo insiste nisso, e Lula alimenta o discurso, a fantasia e o medo, principalmente, de quem acompanha a política pelas redes sociais. Ele não ganha nada e o bolsonarismo ganha muito com suas declarações e movimentos na direção de China e Rússia e contra os EUA e Europa, atribuindo à Ucrânia, invadida, a mesma culpa pela guerra que a Rússia, a invasora imperialista.

Nem os partidos que são 'comunistas' na sigla são mais comunistas, mas o bolsonarismo insiste nisso, e Lula alimenta o discurso. Foto: Wilton Júnior/Estadão

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E Lula ainda levou para a China João Pedro Stédile, do MST, que, diferentemente de mercado, mídia e direita moderada, não deu trégua e não esperou nem os primeiros meses do governo do aliado Lula para invadir terras produtivas da Suzano, Embrapa e Incra. Fernando Haddad já tem muito (e muitos) com que se preocupar e, ao negociar com o MST, sinaliza que o movimento está empoderado, as invasões valem a pena e o governo é cúmplice, ops!, leniente. Destacar o ministro Alexandre Padilha para condenar as invasões não resolve.

De um lado, o MST e, de outro, os irmãos Joesley e Wesley Batista, da J&F, também foram à China, enquanto no Brasil cresce a pressão, com um empurrão do governo, para rever os acordos de leniência e livrar a cara e os cofres das empresas que mergulharam fundo na Lava Jato. O argumento é “preservar a economia”, mas onde está dito que isso é motivo para perdoar crimes?

Lula derrapa ao dar carne aos lobos bolsonaristas, mas foi bem e rápido ao demitir o general Gonçalves Dias, “a pedido”, quando vazaram os vídeos da confraternização do GSI com os invasores do Planalto. Não meteu o Exército e a Defesa e ganhou uma ótima oportunidade para desmilitarizar o Planalto.

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O efeito colateral foi a CPI do Golpe. Lula era contra, mas o próprio PT jogou a toalha e já opera por maioria a favor. Há uma narrativa sólida e uma montanha de provas contra Jair Bolsonaro, seu governo e seguidores na tentativa de golpe, mas a “verdade”, hoje, depende não só do conteúdo, mas da forma e das fake news. Essa CPI, a gente não sabe como começa nem como vai ser. É melhor Lula parar de alimentar a oposição.

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e do telejornal GloboNews em Pauta

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