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Um olhar crítico no poder e nos poderosos

Opinião | A PF contra-ataca e vai à Justiça contra quem ameaça delegados

Cúpula da PF, inclusive diretor-geral, processa pessoas que usam internet para atacar até familiares

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Foto do author Eliane Cantanhêde
Atualização:

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, reuniu-se na quarta-feira com advogados e abriu processo contra dez pessoas que fazem ameaças a ele e a seus filhos pelas redes sociais, inclusive com vídeos assustadores, até de estupros, numa escalada de ataques a delegados federais envolvidos em investigações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e bolsonaristas.

Foram esses ataques, aliás, que detonaram a crise entre o ministro do Supremo Alexandre de Moraes e o bilionário Elon Musk e desembocaram na suspensão do X no Brasil. Encarregado do inquérito que indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro por peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro pelo caso sobre as jóias e diamantes sauditas, o delegado Fábio Alvarez Shor recebeu uma enxurrada de ataques e ameaças pela internet. Aí começou a guerra.

Diretor-geral da Polícia Federal, delegado Andrei Passos Rodrigues Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

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Moraes, responsável pelo processo no Supremo, determinou a retirada de perfis no X que faziam as agressões e expunham a família de Shor, entre eles o do senador Marcos du Val. O X se recusou a retirá-los, não pagou as multas pelo descumprimento da decisão judicial e acabou suspenso no País.

Andrei Passos e a PF não fazem referência direta a Bolsonaro e ao bolsonarismo nas representações ao Supremo, mas não há dúvidas quanto à origem da guerra virtual não apenas contra ministros do Supremo, mas também contra a cúpula da PF. Até porque, além do inquérito das joias, Shor é encarregado dos inquéritos contra fakenews e milícias digitais a favor de um golpe de Estado, em que o próprio senador Marcos do Val é alvo.

No pedido ao STF contra as ameaças a Shor, o delegado Elias Milhomens de Araujo, que investiga os ataques coordenados por bolsonaristas contra a PF, pediu mais uma vez a prisão de dois blogueiros foragidos, Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio, e medidas cautelares contra Marcos do Val, inclusive busca e apreensão em seus endereços. Até aqui, o Senado tem tentado criar uma blindagem para do Val. Não exatamente por ele, mas para evitar efeito cascata sobre outros senadores.

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As ações são combinadas dos dois lados. Assim como fica evidente a articulação política entre Elon Musk e o X com Bolsonaro e o bolsonarismo contra as instituições e os líderes da resistência a um golpe de Estado, também é claro a reação conjunta de Alexandre de Moraes, Andrei Passos, Shor e Milhomens. Vale dizer, entre STF e PF.

Significa que a tentativa de negociação para que Musk pagasse as multas e registrasse uma representação oficial do X no Brasil não avançou. Logo, essa guerra vai longe, sem previsão para a volta das operações da rede social no Brasil nem para o desfecho da mobilização de parte do Congresso para anistiar os criminosos que atentaram contra a democracia ao depredarem Supremo, Câmara, Senado e Planalto. Anistiar em nome do quê? Crime é crime, contra a democracia é ainda mais grave.

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e da GloboNews

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