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Um olhar crítico no poder e nos poderosos

Opinião | A tragédia no Sul conseguiu e Madonna ilustrou o que Lula quis e não fez: união nacional

Mais do que simbólicas, as reuniões de Lula com o governador Eduardo Leite, ministros e presidentes de poderes produziram ações de emergência e de reconstrução do Estado

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Foto do author Eliane Cantanhêde

A tragédia do Rio Grande do Sul, a maior da história do Estado, e o mega show da Madonna em Copacabana, o quinto mais concorrido do planeta, servem como lembrança de algo que há muito anda esquecido, ou desdenhado, no Brasil: a união faz a força de uma Nação e a radicalização não leva a nada. Todos os lados se uniram para socorrer o Estado e para ver Madonna.

A crise entre os poderes sucumbiu ao desastre do Sul, que uniu no mesmo avião e na mesma foto os presidentes Lula, Arthur Lira, da Câmara, Rodrigo Pacheco, do Senado, além do vice-presidente do Supremo, Édson Fachin. Simbologia: acima de ideologias, partidos e interesses, institucionais ou pessoais, está a responsabilidade pública, com estados, municípios, cidadãos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acompanhado do presidente do Senado Rodrigo Pacheco, do presidente da Câmara Arthur enviou projeto de decreto legislativo sobre calamidade no Rio Grande do Sul Foto: WILTON JUNIOR/Estadão

No show de Madonna, regado a irreverência, sensualidade, igualdade e homenagens aos grandes, inclusive do Brasil, a meninada de amarelo entrou sambando e a ícone do pop desfraldou a bandeira verde e amarela com Pablo Vittar, num País campeão de assassinatos do grupo LGBTQIA+ e profundamente dividido, com o bolsonarismo monopolizando a bandeira nacional como sua.

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Os casamentos, em tese, unem “na alegria e na dor”. Os brasileiros de todas as regiões, religiões e partidos, lulistas, bolsonaristas ou independentes, se uniram na alegria em Copacabana e na dor no Sul, em grandes demonstrações de solidariedade. Até campeões de surf correram para ajudar no resgate de grávidas, bebês, velhos e pets. São de esquerda? De direita?

E, mais do que simbólicas, as reuniões de Lula com o governador Eduardo Leite, ministros e presidentes de poderes produziram ações de emergência e de reconstrução do Estado: verbas sem limites fiscais, renegociação da dívida, flexibilidade para gastos dos municípios, canalização de emendas parlamentares.

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As Forças Armadas saem de manchetes sobre golpes e entram com 13.400 homens,  helicópteros e aeronaves. O MST, sempre tão demonizado, distribui milhares de quentinhas. Ambos levando segurança e alento para milhares que perderam tudo e saíram de suas casas sem ideia de quando, e se, vão voltar. A tragédia apagou o passado e não desenha o futuro. Devastador, mas a mão amiga, o prato de comida, a garrafa d’água, o cobertor… vão ficar para sempre na memória de quem doou e de quem recebeu.

O difícil é a solidariedade e a união durarem. Os poderes e a solidariedade são rápidos na emergência, mas logo recuam quando as águas secam e as vítimas são enterradas. Acabou o show de Madonna? Parou de chover? Junto com o Guaíba, a guerra entre os poderes, os interesses mesquinhos, a polarização e a incivilidade também voltam ao “normal”.

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e da GloboNews

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