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Opinião | Bolsonaro no banco dos réus? Trump tem mais o que fazer e anistia prévia depende do Congresso

Tendência é de julgamento sem vistas, rápido, terminando com denúncia aceita contra ex-presidente e sete acusados

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Foto do author Eliane Cantanhêde
Atualização:

Apesar da suspensão, na véspera, dos julgamentos da deputada Carla Zambelli e da cabeleireira Débora Santos, com pedidos de vista dos ministros Nunes Marques e Luiz Fux, a primeira turma do Supremo deve começar nesta terça-feira e decidir já na quarta se acata ou não a denúncia da PGR contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe. A tendência é de julgamento sem vistas, rápido, terminando com o ex-presidente e sete outros no banco dos réus. E não será surpresa se for por unanimidade.

Cada coisa no seu devido lugar. Sabe-se lá por que Nunes Marques resolveu adiar o julgamento de Zambelli por sair desvairada pelas ruas de São Paulo, com arma em punho, atrás de um cidadão depois de um bate-boca, mas o ministro simplesmente não integra a primeira turma e não vota na decisão sobre acatar ou não a denúncia contra Bolsonaro. Se quis agradar ao ex-presidente, que o nomeou, gastou a chance com Zambelli.

Jair Bolsonaro terá denúncia contra ele feita pela PGR analisada nesta terça no STF Foto: Wilton Júnior/Estadão

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Já Luiz Fux, que, sim, integra a primeira turma, pediu vista do julgamento de Débora Santos, “para se informar melhor”, depois que os ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino votaram por 14 anos de prisão para ela, que no 8/1 pichou “perdeu, mané” na estátua “Justiça”, em frente ao STF. Uma pena muito alta. Mas Fux não pretende adiar o julgamento do primeiro e mais importante núcleo do golpe, liderado por Bolsonaro. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

A previsão, portanto, é que o Brasil assista nesta semana não só a mais um ex-presidente no banco dos réus, mas também a três generais e um almirante de quatro estrelas, um tenente-coronel da ativa, um ex-ministro da Justiça e um diretor geral da ABIN, a agência de inteligência da Presidência, órgão de Estado. São esses os apontados como “cabeças do golpe”, o que carrega a pesada carga do ineditismo e, em si, só confirma a gravidade de tudo isso. Quantos generais foram réus pelo golpe de 1964, por exemplo?

Sem defesa, os acusados esperneiam e Eduardo Bolsonaro tenta mobilizar mundos, fundos, Congresso e Executivo dos EUA para livrar o pai da cadeia. Há quem pergunte qual a dimensão e a abrangência desse movimento do 03 e seu asseclas. Não se sabe ao certo, mas convenhamos que Donald Trump tem mais com que se preocupar.

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Ainda mais depois de o bilionário Elon Musk vasculhar segredos de Estado no Pentágono e as cúpulas de Defesa vazarem para um jornalista, num grupo de internet, informações altamente sensíveis de Segurança Nacional. Um escândalo por dia. Será que Trump está ocupado em salvar a pele de Bolsonaro? Ou o Congresso brasileiro é que articula o jogo sujo de uma anistia prévia?

Opinião por Eliane Cantanhêde

Comentarista da Rádio Eldorado, Rádio Jornal (PE) e da GloboNews

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