Bolsonaro voltou. E daí? Daí que o retorno não foi apoteótico, como os bolsonaristas esperavam, o aeroporto de Brasília não estava entupido de militantes, como as autoridades temiam, nem ele pôde desfilar em carro aberto em meio a milhões de pessoas, como gostaria. Simplesmente voltou, foi recebido por seguidores enrolados em bandeiras e pelos aliados mais íntimos na sede do PL. Dali foi conhecer a nova casa, onde o esperava Michele Bolsonaro, a estrela em ascensão do partido.
Agora, é tocar a vida. Enquanto o presidente Lula acalma os mercados, cativa o Congresso e lhe tira espaço de mídia com a nova âncora fiscal, que deixa de ser atrelada à inflação e passa a ser à arrecadação, Bolsonaro terá muito trabalho com seus incontáveis processos no Supremo Tribunal Federal, no Tribunal Superior Eleitoral, no Tribunal de Contas da União e na Justiça de primeira instância e continua às voltas com um, dois e agora três pacotes de joias doadas, não se sabe exatamente por que, pelo regime sanguinário da Arábia Saudita.
Além do depoimento sobre o tesouro, já na próxima quarta-feira, Bolsonaro tem um outro encontro complicado: com a opinião pública. Precisa explicar colares, relógios e abotoaduras cravejados de brilhantes a seguidores que sempre o julgaram tão simplesinho, e justificar por que fugiu para a Disney, ops!, para a Flórida, enquanto bolsonaristas suportavam frio, chuva e lama em volta de quartéis em nome dele, preparando-se para vandalizar o Planalto, o Congresso e o Supremo.
Assim, o dia da chegada não foi nada apoteótico, mas a volta de Bolsonaro ao Brasil e à realidade promete ser um bocado agitada, com uma disputa já à luz do dia para definir quem será o líder da direita no País. Candidatos não faltam, Bolsonaro é o mais forte, mas não é o único deles.
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