O presidente Lula tem almoço com a cúpula das Forças Armadas (FA) e jantar com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira, 19, às vésperas do Natal de um 2023 que teve de tudo, até tentativa de golpe de estado e invasão das sedes dos três poderes, mas termina num ambiente constitucional e federativo de paz e estabilidade. Críticas há, porque, afinal, nada e ninguém é perfeito e elas fazem parte da democracia.
Depois de quatro anos fora da linha, extrapolando perigosamente os princípios fundamentais de ordem e hierarquia em favor de um comandante-em-chefe que por pouco não foi expulso e acabou saindo do Exército pela porta dos fundos, as Forças Armadas chegam ao final deste primeiro ano de governo Lula ainda lambendo as feridas, que demoram a curar, mas em franca recuperação da... normalidade.
As notícias negativas se referem ao velho governo que não foi reeleito: joias das arábias, atestados falsos de vacina, vazamento ilegal de inquéritos sigilosos da Polícia Federal, ataques às urnas eletrônicas e ameaças de golpe. As novas cúpulas das três forças saíram das manchetes, cumprem suas funções constitucionais e acompanham à distância as investigações da Justiça, do Ministério Público e da PF sobre militares e golpe.
É a volta à normalidade, em que os militares se dedicam a seus equipamentos, treinamentos e ações de defesa nacional, inclusive a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) contra o crime organizado, um dos maiores desafios do poder civil, do militar e da sociedade. E o Exército envia blindados, mísseis e tropas para as fronteiras com a Venezuela, onde o absurdo Nicolás Maduro ameaça a Guiana.
Também o STF saiu de quatro anos muito difíceis no governo Jair Bolsonaro, liderando a resistência às investidas contra a democracia e as eleições e de olho nas FA, enquanto militares eram seduzidos com cargos, verbas, privilégios. Como efeito retardado, o STF basicamente consumiu o primeiro ano de Lula-3 às voltas com golpistas e malfeitos do antecessor.
Se as FA chegam ao Natal em GLO no Rio e São Paulo e reforçando a defesa ao Norte, o STF está embolado com Congresso e Executivo em duas questões sensíveis, marco temporal das terras indígenas e desoneração da folha de pagamento dos 17 setores que mais empregam mão de obra. E há grande expectativa com a estreia de Flávio Dino em 22 de fevereiro.
Lula pode almoçar e jantar nesta terça-feira com militares e magistrados sem pé atrás e temores. Apesar dos pesares e dos velhos problemas de sempre azucrinando o País, o ano termina melhor do que o esperado e, especialmente, do que estava.
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