Semana vem, semana vai e a troca no Ministério do Turismo não sai, mas agora vai e está para ocorrer a qualquer momento, sem surpresa, sem emoção e sem choro nem vela. Mas “só” isso não agrada ao União Brasil nem ao Centrão, que começam a mudar a direção do olho gordo: em vez da Saúde, passam a disputar o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome do Brasil, que tem um orçamento tão grande quanto o próprio nome.
Ao disputarem a Saúde – que já foi ocupada por um dos seus, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), no governo Michel Temer –, os líderes do Centrão bateram num muro de resistência que começou no Planalto, se estendeu para a Esplanada dos Ministérios, chegou ao Congresso e foi reforçado pela mídia. Na linguagem política, a ministra Nísia Trindade, ex-presidente da Fiocruz na pandemia, foi “blindada”.
Mas o Centrão não desiste fácil e o passo seguinte foi trocar a Saúde pelo Desenvolvimento e Assistência Social. Afinal, a Saúde é apontada como o maior orçamento entre os ministérios, mas o novo alvo não fica atrás, depois do Bolsa Família reforçado no novo governo. A questão é saber até que ponto o Planalto e os demais defensores de Nísia vão pegar em armas para defender o ministro Wellington Dias.
Dias foi governador do Piauí por quatro mandatos, eleito senador pela segunda vez em 2022, presidiu o Consórcio Nordeste, que reúne os governadores de todos os Estados da região e... é do PT desde os 23 anos de idade. O PT vai deixar o companheiro no relento? E abrir mão de um ministério com tantos recursos e força política?
Consta que o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, responsável pela indicação de Nísia para a Saúde e líder da sua defesa, até toparia a troca. Mas um outro palaciano, o chefe da Casa Civil, Rui Costa, é do Nordeste, foi governador da Bahia na época de Dias no Piauí e está na linha de frente de sua blindagem.
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O Centrão está a mil, não é nada modesto e tem apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que está com a faca e o queijo na mão, principalmente nesta semana, com a votação de três projetos: Carf, arcabouço fiscal e reforma tributária.
Quem conhece a política lembra que “Eduardo Cunha era mais inteligente, mas Arthur Lira é mais político”. Cunha era da guerra, foi até o fim no impeachment de Dilma Rousseff. Lira não quer guerra nem impeachment e sim ministérios, emendas, favores. Ele e Lula sabem conviver com inimigos. Logo, se a troca de Daniela Carneiro por Celso Sabino no Turismo agora vai, Wellington Dias que se cuide, como Nísia Trindade se cuidou. Até agora...
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