Preparem-se para esta semana, com fortes emoções no Executivo, no Legislativo e no Judiciário, especialmente nos dias 20, 21 e 22. Enquanto o presidente Lula viaja para Roma, Vaticano e Paris, num esforço para curar as feridas abertas na sua própria política externa, o Copom define a taxa de juros, o Senado vota o arcabouço fiscal e sabatina Cristiano Zanin para o Supremo e o TSE começa o seu julgamento mais eletrizante, a inelegibilidade ou não do ex-presidente Jair Bolsonaro, com a CPI do Golpe tomando os primeiros depoimentos.
Tudo indica que o arcabouço fiscal será aprovado no Senado, mas com alterações de um ponto ou outro -- como o Fundo Constitucional do DF --, o que empurra a proposta de volta para a Câmara. Mas sem drama. E, depois da avalanche de críticas à escolha do advogado pessoal de Lula para o STF, Zanin venceu resistências e deve ser aprovado com tranquilidade, até por bolsonaristas. Afinal, qual presidente não aprovou seus candidatos ao STF em décadas?
As dúvidas recaem sobre o Banco Central e os juros de 13,75%, maior taxa do planeta. Lula ganhou a guerra de comunicação, mas a firmeza do BC tem papel relevante na queda da inflação e na previsão de alta do PIB. Está ou não na hora de afrouxar?
Na CPMI, depoimento do ex-diretor da PRF, Silvinei Vasques, que tentou transformar a instituição em polo golpista e produziu os seus piores momentos: tentativa de impedir o voto de eleitores petistas, assassinato de um cidadão na mala de um carro e invasão de uma comunidade no Rio.
A semana, aliás, estará focada nas provas estridentes de que o Brasil escapou de um golpe de Estado por pouco - e por resistência das cúpulas das Forças Armadas -, com fechamento do STF e do TSE, anulação das eleições, Exército nas ruas e Bolsonaro se eternizando no poder, com os piores militares, empresários, religiosos e políticos, como o senador Marcos Do Val.
As minutas de golpe encontradas com o ex-ministro da Justiça e com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro esquentam a CPMI e o julgamento de Bolsonaro no TSE, pela reunião com embaixadores estrangeiros para esculhambar o sistema eleitoral brasileiro (portanto, o próprio Brasil) e usar TV e recursos públicos para transmissão ao vivo. A pena é inelegibilidade por oito anos. E é só o começo.
Enquanto Brasília pega fogo, Lula visita o Papa Francisco e os presidentes da Itália e da França, encerra um encontro de líderes sobre economia e ambiente em Paris e sobe ao palco e discursa num show do Coldplay. Viagem mamão com açúcar, com chances de errar bem menores do que em Pequim. Mas é bom não arriscar
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