Musk provoca Moraes após X (Twitter) voltar no Brasil: ‘Magia avançada’

Provocação do bilionário ao ministro do STF ocorre após usuários relatarem acesso ao X; Corte exige resposta da Anatel e representante dos provedores de internet acusa a rede social de burlar a determinação

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Foto do author Gabriel de Sousa

BRASÍLIA – O bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), provocou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes após internautas relatarem que a rede social, suspensa por ordem do magistrado desde o dia 30 de agosto, voltou a funcionar em território brasileiro. Sem citar Moraes, Musk disse que “magia avançada é indistinguível da tecnologia”.

O bilionário Elon Musk e o ministro do STF Alexandre de Moraes Foto: Trevor Cokley/Força Aérea dos EUA e Pedro Kirilos/Estadão

“Qualquer magia suficientemente avançada é indistinguível da tecnologia”, afirmou Musk na madrugada desta quarta-feira, 18. A frase é uma referência ao autor de ficção científica Arthur C. Clarke (1917-2008), que criou a célebre citação “qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da magia”.

O empresário Elon Musk provocou Alexandre de Moraes em postagem nesta quarta-feira, 18 Foto: @elonmusk via X (antigo Twitter)

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Nesta quarta, usuários do X começaram a relatar que a suspensão da plataforma, que foi cumprida pelos provedores de internet após a ordem de Moraes, não está impedindo o acesso em aplicativos móveis da rede social para Android e iOS. Procurada pelo Estadão, a Agência Brasileira de Telecomunicações (Anatel), responsável por repassar a determinação do ministro para as empresas, afirmou que não houve alteração na decisão e está apurando o caso. Inicialmente, o STF declarou que houve uma “instabilidade no bloqueio de algumas redes”.

“O Supremo Tribunal Federal (STF) está checando a informação sobre o acesso ao X por parte de alguns usuários. Aparentemente é apenas uma instabilidade no bloqueio de algumas redes”, afirmou a Corte em nota pela manhã.

A Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações (Abrint), que representa as empresas que tiveram que suspender a rede social, acusa o X de ter burlado a ordem de Moraes por meio de uma técnica que adota IPs dinâmicos.

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Segundo a Abrint, o X utilizou a Cloudflare, serviço de proxy reverso em nuvem que atua como intermediário entre os usuários e os servidores da rede social, para driblar a determinação. O sistema permite que o IP, que diferencia cada máquina, fique “escondido”, o que dificulta o bloqueio.

Após o relato dos usuários, o STF pediu para que a Anatel explique o motivo que levou o retorno do X sem autorização judicial.

O X está suspenso no País desde o dia 30 de agosto, após Musk descumprir uma ordem de Moraes, que determinou a apresentação de um representante legal da rede social no País. O bilionário fechou os escritórios do X no dia 17 de agosto, alegando suposta censura e ameaças por parte do ministro do STF.

O conflito entre Musk e Moraes surgiu após o ministro, que é o relator do inquérito das fake news que tramita no STF, ordenar o bloqueio de uma série de perfis do X. A escalada de ataques públicos feitos pelo empresário e o descumprimento das determinações levou o magistrado a incluir o bilionário no inquérito das milícias digitais.

Um dia após a suspensão do X, Musk criou um perfil na rede social chamado de “Alexandre Files”, onde começou a divulgar decisões sigilosas do ministro. Na primeira publicação, a conta disse que ia “lançar luz sobre os abusos cometidos por Alexandre de Moraes em face da lei brasileira”.

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