Elvis Cezar enaltece feitos em Santana de Parnaíba e cola em Ciro Gomes para chegar ao governo de SP

Recém-filiado ao PDT, ex-tucano também sofre com isolamento visto na campanha do novo padrinho político

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Por João Scheller
Atualização:

No final de novembro de 2021, Elvis Cezar, de 46 anos, lançava seu autointitulado best-seller sobre gestão pública, em um centro de eventos em Santana de Parnaíba, na região metropolitana de São Paulo. O livro conta sobre sua experiência à frente da cidade, cuja gestão herdou do pai, Marmo Cezar, que teve a candidatura cassada em 2013 com base na Lei da Ficha Limpa. Elvis seguiu na prefeitura por dois mandatos consecutivos e elegeu seu sucessor, em 2020. Depois disso, passou a traçar novos planos para a carreira política.

Ao acumular prêmios à frente da gestão municipal, a empolgação tomou conta do então tucano. Filiado ao PSDB por mais de uma década, discordâncias com as mudanças trazidas pela chegada do ex-governador João Doria fizeram com que buscasse uma nova sigla. Unindo a vontade de Cezar por disputar o governo do Estado e a baixa probabilidade de conseguir esse espaço dentro do partido, coube ao PDT de Ciro Gomes abrir as portas para o prefeito de “trajetória ascendente”, como costuma dizer.

O candidato ao governo de São Paulo Elvis Cezar (PDT) durante debate com adversários Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

O destaque que deu para a gestão em Santana de Parnaíba marcou sua campanha ao governo do Estado. Em inserções no horário eleitoral ou em falas em sabatinas e debates, o candidato não deixou de exaltar os feitos na cidade que, segundo ele, se tornou um “laboratório de segurança pública” e fez “a maior evolução da educação do Estado de São Paulo”. Ao discutir possíveis medidas para habitação no Estado, chegou a citar que a cidade que comandou “não tem moradores de rua”.

Na trilha de Ciro

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Para além de seu berço político, Elvis Cezar seguiu os passos de seu novo padrinho, Gomes. Repetindo incessantemente sua proposta de baixar o preço dos pedágios no Estado, parecia emular a fixação de Ciro na ideia de “limpar” o nome dos brasileiros das listas do Serasa e SPC. Não por acaso, algumas das propostas de Cezar chegam a lembrar às do PDT no plano nacional.

Pregando um maior destaque do governo do Estado na implementação de políticas públicas, o candidato defende a geração de empregos por meio de programas de incentivo estaduais e aumento do uso de tecnologia nas polícias, se colocando a favor do uso de câmaras corporais, por exemplo.

Mas o isolamento político, marca da campanha de Ciro, também se viu na candidatura pedetista em São Paulo. Contando até as últimas semanas com o apoio de Felicio Ramuth (PSD) para ser vice na chapa, a campanha ficou isolada depois que o ex-prefeito de São José dos Campos optou por se juntar a Tarcísio de Freitas (Republicanos) e sua empreitada, apoiada pelo candidato a reeleição Jair Bolsonaro (PL), no Estado. Sem alianças políticas, ficou com o segundo menor tempo de televisão entre os cinco principais candidatos.

Sem empolgar nas pesquisas

Oscilando entre 1% e 2% das intenções de voto no Estado, a campanha do pedetista não empolgou. Apesar disso, Cezar conseguiu algum protagonismo durante os debates, quando tentou atacar além do atual governador Rodrigo Garcia (PSDB), os apadrinhados políticos do candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de Jair Bolsonaro.

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Com as mesmas estratégias de Ciro, Elvis Cezar, que é formado em Direito pela Unip, manteve-se fiel a quem chama de “mentor”, mesmo com os recentes reveses na campanha nacional, causados pelos pedidos de voto útil para Lula. O candidato foi a todos os debates entre os postulantes à Presidência e estava ao lado do ex-governador do Ceará durante a leitura de seu “Manifesto à Nação”, quando reafirmou a candidatura. O salto político porém, não viu respaldo entre os paulistas, a exemplo da campanha de seu novo partido, que também não empolgou no cenário nacional.

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