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Em debate, Haddad e Tarcísio tentam minar subida de Rodrigo Garcia nas pesquisas

Debate foi promovido pelo Estadão e Rádio Eldorado, em parceria com SBT, Terra, Veja e rádio NovaBrasil FM

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Atualização:
Correção:

Em debate na noite deste sábado, o petista Fernando Haddad e Tarcísio de Freitas (Republicanos) elegeram como alvo preferencial o governador de São Paulo e candidato à reeleição, Rodrigo Garcia (PSDB). Os ataques dos apadrinhados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do presidente Jair Bolsonaro (PL) se dão no momento em que o tucano cresce nas intenções de voto e chega ao segundo lugar em empate técnico com o ex-ministro da Infraestrutura.

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O encontro promovido pelo Estadão e pela Rádio Eldorado, em parceria com SBT, Terra, Veja e NovaBrasil FM, foi marcado por investidas reiteradas de Haddad e Tarcísio sobre Garcia, enquanto o tucano contra-atacou e ampliou as promessas em caso de vitória, como a volta do passe livre para idosos de 60 anos ou mais. De acordo com a última pesquisa Datafolha, Garcia subiu de 15% para 19%. Haddad oscilou de 35% para 36%, e Tarcísio, de 21% para 22%. Faz parte da estratégia de petista e ex-ministro um segundo turno que replique a polarização nacional.

Haddad resgatou antigos aliados de Garcia para tentar desqualificá-lo. “Você (Garcia) foi assessor de (Celso) Pitta, (Gilberto) Kassab e (João) Doria. O que esperar de uma pessoa assim?”, questionou o ex-prefeito de São Paulo. O passado político do governador foi alvo de críticas em diferentes momentos do embate, principalmente pelo petista, que poupou Tarcísio – e vice-versa. Segundo Haddad, Garcia “tenta se apropriar da tradição tucana da qual não faz parte”. “Rodrigo, você precisa ter mais postura para pleitear o cargo de governador.”

Garcia questionou Haddad sobre a segurança pública e ironizou que o ex-prefeito, se eleito para o governo, reagiria à criminalidade “fazendo cafuné” nos criminosos. Ele acusou o petista de reduzir políticas de segurança em sua gestão, como a Operação Delegada – quando policiais ganham para trabalhar na folga – e a Ronda Escolar.

“Fala, fala, fala e não explica”, disse o tucano. “Você defendeu, e a sua turma principalmente, a desmilitarização da Polícia Militar. Aliás, eu nem sei o que é isso, se a polícia é militar, ela é militar. Você quer que eles reajam ao criminoso fazendo cafuné e entregando flores?”, questionou. “Para mim é tolerância zero com a criminalidade.”

Em resposta, Haddad afirmou que Garcia tem mania de “esconder o passado”. “Rodrigo tem mania de esconder que foi do governo Kassab, quando ocorreu o maior escândalo de corrupção da história da cidade. Tem mania de esconder o Doria. (...) A impressão que dá é que você quer varrer o passado quando te interessa”.

Rodrigo Garcia (PSDB) foi alvo preferencial no debate deste sábado Foto: WERTHER SANTANA/ESTADAO

Já Garcia ironizou o apoio do ex-tucano Geraldo Alckmin (PSB) ao petista. Ao ser criticado por Haddad sobre obras paradas no Estado, o chefe do Executivo estadual afirmou que o petista sabe a dificuldade em avançar nos projetos já que está de “mãos dadas” com o ex-governador Alckmin em viagens por São Paulo. O PT aposta no vice do ex-presidente Lula para diminuir a resistência do eleitorado paulista ao Haddad, especialmente no interior.

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Questionado sobre a adoção de câmeras nos uniformes dos policiais, Tarcísio defendeu reavaliar a medida. Segundo ele, a iniciativa passa a sensação de que o Estado “não confia” na PM. “Toda política pública precisa ser reavaliada. (A adoção de câmeras) passa a sensação que está colocando a câmera porque desconfia dos policiais”, disse Tarcísio. “Quero que o policial esteja em condição de igualdade com o bandido”, completou, argumentando que o equipamento coloca os policiais em posição de inferioridade. Comentando a resposta do adversário, Garcia defendeu a medida e prometeu ampliá-la, instalando equipamentos nas viaturas do efetivo estadual.

Candidatos Rodrigo Garcia (PSDB) e Fernando Haddad (PT) durante debate do Estadão, em pool com outros veículos Foto: WERTHER SANTANA/ESTADAO

Já Tarcísio escolheu o tema do funcionalismo para fustigar o governador e criticou o Estado ter dinheiro em caixa. “Os professores estão chateados, os policiais estão chateados, o Iamspe (Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual) não está atendendo todo mundo. Você gosta de servidor, governador?”, questionou Tarcísio em outra crítica ao candidato tucano.

Garcia retrucou: “Gosto mais do que você”, disse. “Ninguém ama o que não conhece, você chegou agora aqui”, disse o tucano. “Vivemos de responsabilidade fiscal, e Haddad e Tarcísio não sabem o que é isso.”

Tarcísio prometeu levar mais benefícios para a categoria e respeitar a responsabilidade fiscal. “As contas precisam fechar com as pessoas dentro”, disse.

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Ao responder à pergunta de Haddad sobre impostos, o tucano acusou o petista de aumentar tributos municipais quando foi chefe de gabinete da Secretaria de Finanças e Desenvolvimento Econômico da capital paulista, na gestão de Marta Suplicy (então no PT), e durante seu mandato como prefeito. “Aumentou IPTU, aumentou taxa, só não conseguiu aumentar mais porque o STF (Supremo Tribunal Federal) te barrou”, criticou o tucano.

Haddad rebateu, dizendo se orgulhar de ter participado da gestão Marta, e ainda criticou o aumento de impostos que incidem sobre alimentos e medicamentos genéricos durante a pandemia e acusou Garcia de ter assinado embaixo as iniciativas de João Doria, então governador.

Caneta

Após o debate, Garcia comentou a dobradinha de Haddad e Tarcísio. “Enquanto eles criticam São Paulo, eu estou aqui para proteger São Paulo”, afirmou. Já Tarcísio defendeu que a ofensiva contra Garcia durante o debate é natural. “Mandatário tem muito telhado de vidro. Muita aresta para aparar. Essas coisas vêm à tona”, afirmou, defendendo que Garcia teve a “caneta na mão” ao longo do governo.

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Questionado se vai buscar o voto útil nas últimas semanas de campanha, o candidato disse apenas que vai intensificar as ações e falar com os eleitores. Haddad negou que tenha mirado Garcia. “Não concordo porque você não escolhe (quem perguntar). No horário eleitoral eu não tenho feito ataques, eu estou sofrendo ataques há três semanas já, sem revidar”, afirmou.

Collor

Coube ao candidato Elvis Cezar (PDT) atacar de forma mais contundente Tarcísio, logo no início do debate. Ele afirmou que o ex-ministro deixou São Paulo em último lugar na destinação de recursos. “E tem mais, anda com deputado que bate em mulher, anda com deputado que fala mal do Papa, anda com deputado corrupto, Eduardo Cunha, e elogia o Fernando Collor de Mello. Mais um Celso Pitta aqui a gente não aguenta”, disse na sequência.

Tarcísio destacou a pequena participação de São Paulo na malha ferroviária administrada pelo governo federal. “No nosso governo nós fizemos a renovação da malha paulista, R$ 6 bilhões de em investimento ferroviário”, disse, destacando o leilão do Aeroporto de Congonhas. Antes do debate, Tarcísio já havia minimizado sua relação com Cunha. “Sabe quantas vezes eu falei com Eduardo Cunha? Nenhuma, nem conheço.” Sobre Collor fez ponderações: “A gente faz de boa-fé, e foi o que eu fiz. Estava querendo ajudar um candidato alinhado com o presidente (...) Tinha um risco e eu não avaliei direito”.

Corrupção

Vinicius Poit (Novo) levou o tema corrupção ao debate. Segundo Poit, o Supremo Tribunal Federal tem postura “ditatorial” e há inversão de valores no País quanto às atribuições da Corte. “A Justiça e o STF estão causando uma inversão completa de valores, é o famoso poste mijando no cachorro. A corrupção mata crianças sem merenda na escola, pessoas na fila de cirurgias.”

Na resposta, Haddad afirmou que respeita as instituições e preza pela separação dos Poderes. Foi por decisão do STF que Lula teve suas condenações anuladas. Poit defendeu, ainda, a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância e ironizou Haddad, que promete criar uma Controladoria no Estado: “Quem vai ocupar o cargo de controlador? (José) Dirceu? (Antonio) Palocci?”

O debate teve duração de duas horas. Em dois blocos os candidatos fizeram perguntas entre si e, em outros dois, foram questionados por jornalistas do Estadão e do pool. /LAÍS ADRIANA, DAVI MEDEIROS, JOÃO SCHELLER, GUSTAVO QUEIROZ, LUIZ VASSALO, MATHEUS DE SOUZA E GIORDANNA NEVES

Confira o debate completo

Correções

Diferentemente do que informou a primeira versão desta reportagem, a declaração de que as contas do Estado precisam “fechar com as pessoas dentro”, em discussão sobre o funcionalismo público, é do candidato do Republicanos ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e não do governador e candidato à reeleição, Rodrigo Garcia (PSDB). O texto foi corrigido.

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