Em reuniões com aliados, Lula diz que vai anunciar Haddad na Fazenda e Múcio na Defesa

Nomes de Dino na Justiça e Mauro Vieira no Itamaraty também são tratados como fato consumado pelo presidente eleito

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Foto do author Lauriberto Pompeu
Atualização:

BRASÍLIA – O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse a interlocutores, em reuniões ao longo desta semana, que pretende nomear o ex-prefeito Fernando Haddad para comandar o Ministério da Fazenda e o embaixador Mauro Vieira para o Itamaraty, após ser diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no próximo dia 12. Lula afirmou, ainda, que o senador eleito Flávio Dino (PSB-MA) irá para o Ministério da Justiça e o ex-ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) José Múcio Monteiro, para a Defesa.

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A entrada de Múcio e Dino na equipe foi confirmada pelo presidente eleito em pelo menos dois jantares nos últimos dias, um na terça-feira, 29, com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, e o outro realizado nesta quinta, 1º, na casa da senadora Kátia Abreu (PP-TO).

Lula afirmou nesta sexta-feira, 2, em entrevista, que ninguém precisa ficar “angustiado” ou “nervoso” com a montagem de sua equipe. “Eu tenho 80% do ministério na cabeça, mas eu não quero construir um ministério para mim. Quero construir para as forças políticas que me ajudaram a ganhar a eleição”, argumentou ele, sem confirmar nomes.

A indicação de Dino já era dada como certa pelo próprio Lula ainda durante a campanha eleitoral. “Flávio Dino que se prepare. Vai ser eleito senador, mas não será senador muito tempo porque vai ter muita tarefa nesse País”, disse o então candidato do PT, em setembro. O ex-governador do Maranhão já tem cumprido agenda de ministro e participado de reuniões com a Polícia Militar, Polícia Federal e secretários estaduais de Segurança Pública, acompanhando Lula em encontros com ministros do STF.

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Além dele, o PSB tenta emplacar a indicação de Márcio França para o Ministério das Cidades. O partido avalia que Dino, que era do PCdoB até o ano passado, é da “cota pessoal” de Lula, e não indicação do PSB.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante entrevista concedida na manhã desta sexta-feira (02), ao chegar no Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília-DF.  Foto: Wilton Junior / Estadão

Em relação ao Ministério da Defesa, há a expectativa de que Lula anuncie o nome de Múcio antes, ainda na semana que vem. O convite para assumir a pasta foi feito na última segunda-feira, 28, após uma reunião do presidente eleito com o ex-ministro do TCU no Centro Cultural Banco do Brasil, sede do gabinete de transição. Junto com o anúncio de Múcio, os nomes dos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica também devem ser oficializados. Perguntado nesta sexta-feira sobre a possibilidade de definir a Defesa antes, Lula desconversou. “Se tiver que anunciar ministro (na próxima semana), anuncio, mas não tem nada certo”, declarou ele.

O jantar organizado por Kátia Abreu nesta quinta-feira também contou com a presença do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e de senadores do União Brasil, MDB e PSD. Os três partidos se movimentam para dar sustentação ao petista no Senado. Em troca, desejam ocupar ministérios.

Convidados disseram ao Estadão que Lula não disse naquele encontro qual será o espaço que cada uma dessas três legendas terá no novo governo. O presidente eleito tem tentado conciliar pressões de diferentes partidos e disputas internas para definir a divisão dos ministérios. A avaliação de um dos presentes ao jantar foi a de que se tratou de um encontro para “criar liga” entre Lula e os senadores que vão aderir à base do governo. O petista repetiu ali o discurso de que o País enfrenta uma grave crise social, aliada à desestruturação de políticas públicas.

Estavam presentes ao jantar, ainda, os senadores Alexandre Silveira (PSD-MG), Davi Alcolumbre (União-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL), Marcelo Castro (MDB-PI), relator do Orçamento de 2023, Weverton Rocha (PDT-MA), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, além do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Mauro Campbell e de Bruno Dantas, do TCU.

A reunião também serviu para que Pacheco desse prosseguimento às articulações para sua campanha de reeleição ao comando do Senado. O PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, ensaia lançar Rogério Marinho (PL-RN) para o cargo, mas a trinca União Brasil-MDB-PSD junto com o PT e mais partidos de centro direita dão um cenário confortável de provável vitória para Pacheco.

A situação hoje menos avançada em relação à definição de ministério é a do União Brasil. Diferentemente do MDB e do PSD, a legenda que resultou da fusão entre DEM e PSL não teve tantos representantes que embarcaram na campanha de Lula. O partido também abriga opositores do petista, como o senador eleito Sergio Moro, ex-juiz da Lava Jato.

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A posição de Moro, porém, é minoritária na legenda. Nem mesmo líderes oriundos do DEM, contrários às gestões passadas do PT, se negam a conversar com o presidente eleito. Lula já chegou a convidar diretamente o partido para integrar a base em um encontro nesta semana com Alcolumbre e o líder na Câmara, Elmar Nascimento (BA).

O União Brasil ainda não deu uma resposta e só pretende entrar de fato na base a partir do momento em que Lula definir o espaço que a sigla terá na Esplanada dos Ministérios.

No caso do MDB, há um problema específico com a indicação da bancada do Senado para o ministério de Lula. O presidente eleito avisou que vai quer contar a escolha da senadora Simone Tebet (MDB-MS), dada como certa em uma das pastas, como sendo uma indicação dos senadores. Os parlamentares, no entanto, consideram Simone como “cota pessoal” de Lula e pretendem fazer outra indicação. Além disso, Simone já sinalizou preferência por comandar uma pasta da área social, algo que o PT já disse que não abre mão de ter sob o controle da legenda.

O fato de senadores do PT não terem participado do jantar desta quinta-feira foi encarado como um sinal de que Lula, de fato, pretende dar espaços relevantes para mais partidos. Simone pode comandar Desenvolvimento Social.

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Por ter sido um dos principais articuladores da campanha de Lula em Minas Gerais, o senador Alexandre Silveira se movimenta para ser o indicado da bancada do PSD para a Esplanada. Braço direito de Pacheco, Silveira não conseguiu se reeleger senador e participa do grupo de Infraestrutura na transição de governo.