Em campanha pelas prévias do PSDB para a escolha do candidato tucano à Presidência da República, o governador João Doria recebeu o apoio de líderes tucanos em Minas Gerais e rompeu a barreira criada contra ele no Estado pelo deputado Aécio Neves – que é adversário político e desafeto do paulista. O PSDB possui 86 prefeitos e 61 vices em Minas. Em setembro, a executiva do partido no Estado deliberou o apoio ao governador gaúcho Eduardo Leite.
Na visita a Belo Horizonte, Doria completou sua 14.ª viagem como candidato na disputa interna tucana. Ele participou na noite de anteontem de um ato com 350 pessoas no espaço de eventos de uma churrascaria da capital mineira, onde recebeu o apoio do deputado federal Domingos Sávio (MG), vice-presidente nacional do PSDB.
“As regras estabelecidas pelo diretório nacional preveem a votação de todos nas prévias. Não há a possibilidade de o diretório decidir pelo filiado”, disse Sávio ao Estadão.
Em seu discurso no evento, o vice-presidente nacional do PSDB disse que não vai ficar “em cima do muro” como “é próprio dos tucanos”.
Sobre as prévias, ele questionou a deliberação da direção da legenda em Minas. “Nesta matéria, não cabe alguém dizer ‘o PSDB de Minas’ ou ‘o PSDB de São Paulo’”, afirmou, ao responder a uma pergunta sobre supostas preferências do partido nos Estados.
A organização do ato pró-Doria divulgou que, além de Sávio, 15 prefeitos tucanos participaram do evento em Belo Horizonte. A informação foi contestada por representantes do partido no Estado, aliados de Aécio. O Estadão conversou com dois prefeitos que estiveram no encontro. Eles confirmaram o apoio a Doria, mas preferiram não se manifestar publicamente com o argumento de evitar represálias.
‘Avassaladora’. Aécio ironizou a investida do governador paulista. “Doria inaugurou uma nova forma de campanha, a campanha sem eleitor. A frente com Leite em Minas vai ser avassaladora”, disse o deputado à reportagem.
O presidente do PSDB mineiro, deputado Paulo Abi Ackel, foi na mesma linha e disse que a conclusão do evento é de que Leite “terá uma imensa vitória em Minas”. “Em um partido com cerca de 140 mil filiados e quase mil mandatários (prefeitos, vice, deputados e vereadores), a presença isolada do deputado Domingos Sávio acaba sendo reveladora do imenso apoio que o governador do Rio Grande do Sul terá aqui, muito maior do que nós mesmos imaginávamos”, afirmou.
Pela resolução aprovada pelo PSDB, o colégio eleitoral das prévias será formado por quatro grupos de votantes – (1) filiados; (2) prefeitos e vice-prefeitos; (3) vereadores, deputados estaduais e distritais; (4) governadores, vice-governadores, ex-presidentes e o atual presidente da Comissão Executiva Nacional, deputados federais e senadores. Cada um desses grupos tem peso de 25% no total dos votos.
Por esse critério, Doria sai em vantagem, já que São Paulo tem 241 prefeitos do PSDB e 99 vices, ante 31 prefeitos e 31 vices tucanos no Rio Grande do Sul. Para tentar reduzir o favoritismo de Doria, Leite busca aliados no Estado, para onde já viajou três vezes nas prévias. O governador paulista também tenta quebrar a hegemonia de Leite no Rio Grande do Sul com o apoio da ex-governadora Yeda Crusius.
No mapa das prévias, Doria fechou o apoio dos diretórios de São Paulo, Distrito Federal, Acre, Pará e Tocantins, enquanto Leite conta com Ceará, Minas Gerais, Alagoas e Rio Grande do Sul. Doria espera selar nas próximas semanas os apoios dos diretórios do Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
As prévias estão marcadas para o dia 21 de novembro. O senador Tasso Jereissati (CE) desistiu da disputa para apoiar Leite. Além dos governadores paulista e gaúcho, o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio também está na disputa interna.
Na visita à capital mineira, Doria também esteve com o governador Romeu Zema (Novo).
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