Em novo vídeo compartilhado nas redes sociais nesta terça, 18, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirma, sem provas, que as meninas venezuelanas que ele encontrou em 2020 na periferia de Brasília estavam “arrumadinhas” para fazer programa. A declaração foi dada por ele ao podcast Collab em 12 de setembro deste ano, um mês antes de dizer que havia “pintado um clima” entre ele e as garotas no mesmo episódio.
O trecho da entrevista foi compartilhado pela mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a socióloga Rosângela da Silva, a Janja. Nele, Bolsonaro relata que estava passeando de moto pelo bairro de São Sebastião quando parou em uma esquina, olhou para trás e viu umas “duas, três meninas bonitinhas de uns 14, 15 anos de idade”.
“Me chamou a atenção. Menina bonitinha, sábado? Por que me chamou atenção? Eram parecidas. Eu vi que apareceu mais uma, mais outra. Daí eu desci da moto e disse: Posso entrar aí? Tinha umas 15 meninas dessa faixa etária, 14, 15, 16 anos. Todas muito bem arrumadas, tinham tomado banho, estavam fazendo o cabelo. Venezuelanas. Estavam se arrumando pra quê? Alguém tem ideia? Quer que eu fale? Então, vou falar: para fazer programa.”
Na sexta, 14, Bolsonaro voltou a tratar do encontro em entrevista ao canal Paparazzo Rubro-Negro, provocando uma reação de adversários que foi parar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Respondendo a uma pergunta sobre a hipótese de o Brasil se tornar comunista numa eventual vitória de Lula, ele insinuou que meninas venezuelanas têm de se prostituir no Brasil para “ganhar a vida”.
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“Eu estava em Brasília, na comunidade de São Sebastião, de moto. Parei a moto numa esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas no sábado numa comunidade, e vi que eram parecidas. Pintou um clima, voltei. ‘Posso entrar na sua casa?’, entrei. Tinha umas 15, 20 meninas sábado de manhã se arrumando. Todas venezuelanas. Aí, eu te pergunto: Menina bonitinha se arrumando sábado de manhã para quê? Para ganhar a vida”, disse.
Ambos os vídeos viraram munição para a campanha petista neste segundo turno. Influenciadores passaram a chamar Bolsonaro de pedófilo. A pedido dos advogados do presidente, o ministro Alexandre de Moraes, do TSE, determinou a retirada de posts que relacionavam a declaração dada no dia 14 à prática de pedofilia. A decisão impediu que Lula explorasse o tema no debate da Band.
Segundo Bolsonaro, que chegou a fazer uma live na madrugada do dia 15 para se justificar, o episódio foi relatado por ele para mostrar sua indignação. “O PT recorta pedaços como se eu estivesse atrás de programas. Pelo amor de Deus. Fiz uma live para isso, foi demonstrado o que estava acontecendo. Que vergonha é essa? Que falta de respeito é essa? Sempre combati a pedofilia”, afirmou.
Após a polêmica, o YouTube removeu neste domingo, 16, o vídeo da entrevista em que o presidente fala que “pintou um clima” com as meninas venezuelanas. A justificativa para a retirada do vídeo, no entanto, foi uma afirmação em que o presidente dissemina desinformação sobre a covid-19. Durante a mesma entrevista, o chefe do Executivo alegou que as crianças não sofreram com o vírus e que não teriam morrido pela doença durante a pandemia.
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