Em Pernambuco, Lula tenta impulsionar candidato governista sem afastar antigos aliados

Ex-presidente tem de se equilibrar entre apoio a Danilo Cabral, que vai mal nas pesquisas, e Marília Arraes, ex-petista que lidera levantamentos até agora

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Por Augusto Tenório
Atualização:

ESPECIAL PARA O ESTADÃO/RECIFE - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) inicia nesta quarta-feira, 20, visita de dois dias a Pernambuco, seu Estado natal, com o desafio de impulsionar a candidatura de Danilo Cabral (PSB), pré-candidato da Frente Popular, no poder há pelo menos 16 anos. Deputado federal pouco conhecido e tendo de representar a gestão com avaliação ruim de Paulo Câmara (PSB), Cabral aparece atrás em todos os levantamentos até o momento, em quinto lugar, com índice por volta de 8%. Na frente da disputa, está Marília Arraes (Solidariedade), ex-petista que deixou o partido ao ter o nome rejeitado para a cabeça de chapa da coligação governista.

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Aliados de Lula esperam que o presidente se posicione de forma incisiva em favor de Cabral e de Teresa Leitão (PT), candidata ao Senado pela coligação. “Devido a tentativa de adversários de passar uma informação errada para o eleitor, a presença de Lula é importante para reafirmar qual lado o presidente está e assegurar que quem ele apoia para governador de Pernambuco é Danilo Cabral e que a senadora dele é Teresa Leitão. Isso faz muita diferença”, diz o deputado estadual Doriel Barros, presidente do PT-PE, ao Estadão.

Lula começou sua visita por Garanhuns nesta quarta-feira pela manhã. Ele visitou a réplica da casa de sua mãe, dona Lindu, onde nasceu e viveu até os sete anos, no município de Caetés. Embora a residência original não exista mais, a obra de construção da réplica foi iniciada em maio de 2021 como forma de homenagem do PT de Pernambuco ao pré-candidato a presidente. Outra réplica havia sido construída no início dos anos 2000, mas não resistiu a ação do tempo.

“Estou aqui para dizer uma frase: eu tenho candidato a governador no estado de Pernambuco, que é Danilo Cabral. Eu não confundo minha relação pessoal com relação política. O PT tem compromisso nacional com PSB. Vou cumprir o compromisso com o PSB e quero que o PSB cumpra o compromisso com o PT”, disse Lula em Garanhuns.

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A quinta-feira, 21, será dedicada ao Recife: de manhã, o ex-presidente se encontra com representantes do setor cultural e, ao meio-dia, almoça com Danilo e Teresa. Às 17h, haverá comício no Classic Hall, antes previsto para acontecer na Praça do Carmo. O lugar é fechado e militantes só terão acesso com credenciamento prévio.

Lula deve manter apoio a ex-aliados, afirma especialista

De acordo com Leon Victor de Queiroz, professor do departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o apoio de Lula pode trazer fôlego para a campanha de Danilo. “Ao passo em que Lula comece a aparecer na campanha eleitoral de Danilo, a tendência é que isso se transforme em intenções de voto. Isso é normal, relativamente comum em termos de campanha. Só não é possível dizer se a aparição de Lula vai colocar Danilo no segundo turno”, afirmou.

Mesmo integrantes da Frente Popular temem a reação da militância fiel à Marília. Em 2018, por exemplo, o governador Paulo Câmara foi vaiado em evento oficial por petistas.

José Mário Wanderley, doutor em Ciência Política pela UFPE e professor da Unicap, avalia que o líder petista não deve fechar a porta para sua ex-filiada.

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“Para Lula, esta é a melhor situação possível: ter os dois pedindo voto para ele. O ex-presidente não crava o apoio nem a A nem a B. Ele apoia, diz que Marília é boa candidata, que Danilo é a continuidade de Eduardo (Campos). Então, no fundo, quer sedimentar seu grande eleitorado no Estado ao mesmo tempo em que obtém novos apoios a partir do uso das campanhas, de ambos os candidatos, pedindo voto para ele.

Para Wanderley, ninguém sabe o que Lua vai fazer na campanha, “mas ele não vai dar exclusividade”. “Lula quer que os eleitores de Marília também votem nele”, disse o pesquisador.

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