Empresa suspeita recebeu R$ 14 milhões na gestão Maluf

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Por Agencia Estado
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A Lavicen Construções e Locação de Máquinas e Terraplanagem, empresa acusada de servir de fachada para o desvio de verbas durante a gestão do ex-prefeito Paulo Maluf (PPB) na Prefeitura de São Paulo, recebeu mais de R$ 14 milhões apenas em 1996 por serviços que teria realizado durante a construção do Túnel Ayrton Senna. Em 1997, na gestão do ex-prefeito Celso Pitta (PTN), a companhia recebeu mais de R$ 5,5 milhões das verbas destinadas às obras de saneamento do córrego Cabuçu. Os documentos que comprovam os pagamentos feitos para a Lavicen, entre 1996 e 1998, foram entregues nesta segunda-feira pela construtora CBPO para o Ministério Público (MP) de São Paulo. A CBPO informou, num ofício expedido no início deste ano que a Lavicen também recebeu repasses de verbas do Ayrton Senna em 1996, mas estas provas ainda não foram entregues ao MP. A Lavicen atuou também nas obras da rodovia Carvalho Pinto e em Campinas, no interior do Estado, durante 1997 e 1998. Em 1997, na gestão do ex-governador Luiz Antônio Fleury Filho (PMDB), hoje, deputado pelo PTB, a Lavicen recebeu mais de R$ 4,5 milhões por serviços que teria prestado na construção da Carvalho Pinto e, em 1998, R$ 500 mil por obras na prefeitura de Campinas, na administração do ex-prefeito Francisco Amaral (PPB). A firma era subcontratada pela CBPO para trabalhar nas obras, mas o MP suspeita que os trabalhos pelos quais recebeu nunca foram realizados. A Lavicen não tem endereço fixo, o contrato social da empresa registrado na Junta Comercial do Paraná foi falsificado e o MP descobriu que ela nunca possuiu as máquinas que, supostamente, alugava para a CBPO. Em apenas três anos, a Lavicen recebeu mais de R$ 25 milhões pela hipotética atuação em construções públicas. "Como uma empresa com este perfil recebeu milhões para atuar em obras públicas?", pergunta o promotor da Cidadania Luiz Sales do Nascimento, responsável pela investigação da empreiteira. O MP investiga a Lavicen há quase um ano. A companhia está registrada em Altônia (PR), num endereço que não existe na cidade. Um dos sócios, o sapateiro semi-alfabetizado Lavino Kill nunca soube da existência da firma e a assinatura dele foi falsificada no contrato social. Investigações feitas pelo MP do Paraná sobre o outro sócio da Lavicen, Joel Gonçalves Pereira, revelaram que não há indícios de que ele responda pela movimentação de milhões de reais. Ele foi indiciado à revelia pela Justiça Federal do Paraná, depois de tentar aplicar um golpe para receber, indevidamente, dinheiro de indenização de uma área alagada com o objetivo de ser construído o lago da Itaipu Binacional. Em todos os papéis e pistas que deixou, Pereira apresentou endereços falsos. Alguns locais rastreados pelo MP em cidades paranaenses não existem. Num deles, Pereira pôs o nome da mãe como se fosse o de uma rua, em Almirante Tamandaré (PR).

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