Entenda a eleição em Pernambuco: Após 16 anos, hegemonia do PSB é ameaçada

Danilo Cabral, escolhido pela legenda, terá de superar pelo menos quatro candidaturas fortes, como a de Marília Arraes, agora no Solidariedade

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Por Augusto Tenório
Atualização:

RECIFE - O PSB corre o risco de perder sua hegemonia de 16 anos em Pernambuco nas eleições de outubro. Desde 2006, quando Eduardo Campos se elegeu ao Palácio Campo das Princesas, o partido tem mantido o comando do Estado. Neste ano, porém, o deputado federal Danilo Cabral, escolhido pela legenda, terá de superar ao menos quatro candidaturas fortes – algumas delas formadas por ex-aliados – para manter o PSB no poder pernambucano, considerado um Estado-chave para a sigla seguir relevante no cenário nacional.

Além de adversários fortes, Cabral, que é desconhecido no Estado, terá de superar uma alta rejeição ao governo de Paulo Câmara, que chega ao patamar da desaprovação do presidente Jair Bolsonaro. Conforme levantamento da Exame/Ideia, divulgado nesta semana, a gestão estadual é desaprovada por 50%, enquanto 51% reprovam a gestão federal. O Paraná Pesquisas, em maio, aponta desaprovação maior que a do mandatário.

Danilo Cabral, pré-candidato do PSB ao governo do Estado de Pernambuco, em foto de fevereiro de 2022 Foto: Wesley D'Almeida/Divulgação PSB Nacional

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Para tentar alavancar sua candidatura, Cabral e o PSB querem colar a pré-candidatura estadual ao nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), importante ativo eleitoral em Pernambuco – os partidos são aliados no Estado. Essa tarefa, porém, também terá obstáculos. Um deles é Marília Arraes (SD), neta do ex-governador Miguel Arraes. Após ter sua pré-candidatura ao governo rejeitada pelos petistas e sua tentativa de se candidatar ao Senado ser rejeitada pelo PSB, a deputada federal deixou o PT para lançar pré-candidatura pelo Solidariedade. Marília diz ser a “candidata de Lula” sob o argumento de que o apoio do ex-presidente a Cabral é protocolar, fruto do acordo entre PT-PSB.

Líder nas pesquisas – no levantamento Exame/Ideia, desta quarta-feira, 9, ela tem 24% das intenções de voto –, Marília tem esvaziado a Frente Popular, ampla aliança comandada pelo PSB em Pernambuco. Para a sua chapa, a deputada já trouxe o PSD, de André de Paula, pré-candidato ao Senado, e deve confirmar em breve a chegada do PP, de Eduardo da Fonte, e do Avante, comandado por Sebastião Oliveira – todas legendas que integram o governo estadual encabeçado pelo PSB.

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Lideranças do PT de Pernambuco lançaram um manifesto em apoio à pré-candidatura da deputada federal Marília Arraes (Solidariedade) ao governo do Estado. Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Outros três nomes aparecem em destaque na intenção de voto do eleitorado: Raquel Lyra (PSDB), que no mesmo levantamento tem 18%, Miguel Coelho (União Brasil), com 12%, e Anderson Ferreira (PL), com 12%. Todos da lista são ex-prefeitos reeleitos de importantes cidades de Pernambuco, que deixaram o cargo em março último – Caruaru, Petrolina e Jaboatão dos Guararapes, respectivamente.

Dois deles já foram do PSB. Raquel Lyra, filha do ex-governador João Lyra Neto, deixou o partido em 2016, quando a legenda negou a ela espaço para concorrer à Prefeitura de Caruaru. Miguel Coelho, filho do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), se desfiliou em 2019.

Políticos, tanto oposicionistas quanto governistas, ouvidos com a condição de anonimato dizem que a morte de Eduardo Campos, em 2014, em um acidente de avião quando concorria ao Palácio do Planalto, enfraqueceu a Frente Popular. A saída do PSD da aliança, oficialmente, foi marcada por cavalheirismos de André de Paula com relação a Paulo Câmara. Nos bastidores, aliados apontam dificuldades do governador para reagrupar a aliança.

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