Nos últimos dias, a integridade da Estátua da Justiça foi abalada por uma série de explosões que atingiram a Praça dos Três Poderes, próximo ao prédio do Supremo Tribunal Federal. A estátua, forjada em bloco monolítico, mede três metros de altura e é um dos principais símbolos turísticos para os visitantes da capital federal.
Instalada em 1961, a estátua foi idealizada pelo artista plástico Alfredo Ceschiatti, e busca reivindicar a neutralidade nas decisões jurídicas sem olhar a aparência, conforme pontua o cientista social, Lucas Barbosa.
“A estátua reivindica uma neutralidade que a justiça deve ter. Então, ela está sentada ali com a espada da justiça, com a venda dos olhos, propõe que a justiça não vai estar julgando pela aparência, e sim a partir da escuta e das falas, pacientemente”, comenta.
Leia também
Outro ponto destacado pelo especialista é que, nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, a Estátua da Justiça foi pichada com a frase “Perdeu, mané” por Débora Rodrigues dos Santos, que está presa desde março do ano passado.
“Esse segundo vandalismo representa uma discordância direta com a justiça. Esse atentado representa uma afronta à democracia brasileira, por parte de grupos do último governo do país, que não aceitou a derrota e vem buscando criminalizar as instituições, as camadas de decisões no país, buscando instaurar o caos. São atentados ordenados e organizados pela extrema-direita, que se mostra organizada”, conta.
Simbologia histórica e turística
Desde que foi criada, a estátua está localizada na Praça dos Três Poderes, ponto central que une as três representações da democracia brasileira, o Executivo, Legislativo e Judiciário. A obra acabou se tornando um atrativo para os visitantes da capital brasileira. Além disso, o monumento virou souvenirs para os visitantes.
Diferentemente das demais representações tradicionais da Justiça, a escultura de Brasília não tem uma balança na mão. Isso porque ela é baseada na deusa romana Justiça, que corresponde à grega Dice, filha de Zeus com Têmis, considerada a guardiã dos juramentos dos homens.
Além da Justiça, o Distrito Federal também hospeda outras esculturas produzidas por Ceschiatti. Nascido em Belo Horizonte, o escultor, desenhista e professor, também é responsável pelas obras As Iaras, em bronze, no espelho d’água do Palácio da Alvorada; Os Anjos e Os Evangelistas, na Catedral Metropolitana de Brasília; e a Deusa Athena, no saguão da Biblioteca Central da Universidade de Brasília.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.