RIO – O deputado federal Pedro Paulo (PSD) procurou o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), pré-candidato à reeleição, na segunda-feira, 22, e pediu que não fosse mais considerado como possível vice para as eleições municipais deste ano. A decisão do então favorito a ocupar a chapa de Paes se deve à suposta existência de um vídeo íntimo dele que poderia ser explorado durante a campanha eleitoral.
A informação foi divulgada pelo portal Agenda do Poder e confirmada pelo Estadão. No encontro, Pedro Paulo informou ao prefeito que não poderá participar do processo eleitoral porque o suposto vídeo poderia vir à tona e seria explorado por adversários durante a campanha.
A mulher de Pedro Paulo, a influenciadora digital Tati Infante, afirmou nas redes sociais que os dois estavam separados quando o deputado teria sido gravado em uma ligação de vídeo com outra mulher. Segundo ela, é “besteira” Pedro Paulo desistir da disputa por este motivo.
“Eu acho uma besteira ele desistir de ser vice por conta de um episódio que aconteceu em 2020, período em que estávamos separados, numa crise. Eu tive meu ‘siricutico’, ele também. E ele caiu numa armadilha, numa armação onde fez uma ligação de chamada com uma pessoa, que gravou ou tirou print dessa ligação e, quase cinco anos depois, está usando isso contra ele”, disse a mulher de Pedro Paulo na quarta-feira, 24.
Procurado pelo Estadão, o prefeito Eduardo Paes confirma o teor do encontro com Pedro Paulo, diz que não tem nenhuma decisão tomada e que só vai se manifestar sobre o vice no momento oportuno.
Aliados do prefeito não descartam uma reviravolta na chapa de Paes. De acordo com as lideranças partidárias, o PSD testa o impacto da divulgação da informação para avaliar a melhor decisão. Os partidos têm até o dia 6 de agosto para apresentar as chapas, e até o dia 15 para registrá-las na Justiça Eleitoral.
Desde que Pedro Paulo abdicou da possibilidade de ser indicado, novos nomes têm emergido como possibilidade para ocupar o lugar na chapa. O mais promissor é o ex-secretário de Paes e deputado estadual Eduardo Cavaliere, que tem 29 anos.
Ele é um dos subordinados mais próximos do prefeito e trabalhou como ajudante de ordens na campanha de Paes ao governo do Estado, em 2018. Antes disso, Cavaliere formou-se em direito na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ocupou a secretaria municipal de Meio-Ambiente do Rio entre 2021 e 2023.
Cavaliere é visto como um político pragmático, leal e severo. Apesar dos predicados que lhe garantiram a simpatia de Paes, ele não é bem quisto entre a classe política local, que julga que ele despende pouco tempo com a Câmara - apesar do posto explicitamente político. Ele ocupou a Casa Civil até o início de junho, quando a TSE determina que políticos se exonerem para concorrer às eleições.
Apesar de não ser a primeira opção para a chapa de Paes, era a segunda: Cavaliere é visto como um “plano B” caso o prefeito enfrente alguma dificuldade, como foi a desistência de Pedro Paulo.
O primeiro revés na campanha de Paes ocorre dois dias após o PSD confirmar o nome do prefeito à reeleição em convenção do partido no sábado, 20. Favorito com folga nas pesquisas de intenção de voto e com um recall político de três mandatos à frente da segunda maior cidade do País, Paes só deve bater o martelo sobre o companheiro de chapa em agosto.
A alta popularidade e a expectativa de vitória em primeiro turno – a pesquisa Datafolha mais recente aponta Paes com 53% das intenções de voto – garantiu ao prefeito do Rio poder de escolha. Cortejado por PT, PSB e PDT pela vaga de vice na chapa, Paes vai estender a indefinição até o prazo de registro das candidaturas.
Pedro Paulo, então um dos mais cotados como companheiro de chapa de Paes, esteve presente na cerimônia partidária no sábado.
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