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Escritor de Embu das Artes tem paralisia cerebral, fez faculdade na USP e lança 8º livro

Edgar Costa se inspira nas próprias experiências para escrever histórias; nova obra com crônicas poéticas tem como foco a pandemia

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Por Ana Luiza Antunes
Atualização:

O escritor e poeta Edgar Izarelli Costa, de 32 anos, encara a vida sem deixar que as limitações motoras provocadas por um quadro de paralisia cerebral o impeçam de viver, por meio da arte, todo o seu potencial com as palavras. Com oito livros publicados, Edgar se inspira nas próprias experiências e as transforma em histórias. “Não me vejo como um exemplo de vida e superação, mas as pessoas enxergam isso e eu fico feliz”, diz o escritor de Embu das Artes.

Agora, ele prepara o lançamento de mais uma obra, 2020-Sobre as rodas do tempo, com crônicas poéticas sobre a pandemia. “Senti muitas sensações particulares, como o medo do isolamento e o preconceito por ser cadeirante”, contou. “Pessoas com deficiência são pessoas, acima de tudo, com capacidade. A deficiência é uma característica, não uma parte da personalidade.”

O escritor Edgar Costa com a mulher Lua e filhos Renato e Milena, em Embu das Artes Foto: MARCELO CHELLO/ESTADÃO

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Edgar aprendeu a admirar a arte influenciado principalmente pelo pai, Eliseu, e pelo avô materno José. “Quando eu tinha 18 anos, meu pai pegou os meus textos e fez um livro. Foi um presente que me marcou bastante”, relembrou. Foi nessa época que ingressou no curso Letras da Universidade de São Paulo (USP).

Sua carreira estava apenas no início e depois vieram outras conquistas, como em 2012, após ser contemplado pelo Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem), com a oficina que gerou o livro Sentido Literário – Remendos Poéticos. Participou de peças de teatro, mesas de literatura, grupos artísticos, saraus e de três edições da Bienal do livro em São Paulo. “A arte salvou a minha vida”, disse. “A arte é a minha vida, não me reconheço sem a arte do meu lado. Tudo o que eu consegui foi por meio dela. É tudo o que eu sou e tudo o que eu posso ser”.

A paralisia cerebral é caracterizada por alterações neurológicas que podem afetar o desenvolvimento motor e cognitivo, mas isso nunca foi impeditivo para Edgar buscar os seus sonhos.

Em 2014, Edgar conheceu a artista plástica Lua Rodrigues, com quem se casou e teve dois filhos. “Ela me ajudou a superar muitos limites que eu tinha dentro de mim”, relatou.

Assim como o marido, Lua também é ligada ao mundo artístico e atua como ilustradora de livros. Juntos, criaram o EdLua.Artes, parceria artística para o desenvolvimento de performances teatrais, onde já criaram as apresentações O Brilho da Alma e Espelho. Os projetos não param e Edgar está trabalhando agora, ao lado de uma amiga, para juntar o talento da Lua com suas poesias e criar camisetas com frases originais.

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Os filhos, Milene, de cinco anos, e Renato, de oito, já demonstram interesse pela arte por meio de desenhos e da dança. “São muito criativos”, elogiou o pai. “Acredito que o Renato terá talento tanto para música quanto para roteirização. A Milene desenha e já fez a capa de um livro meu.”

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