‘Esquina da facada’ de Juiz de Fora vira ponto de peregrinação para bolsonaristas

Fãs do presidente vão ao local do atentado de 2018 para tirar fotos e tentar vê-lo; vendedor diz que, quando houve o atentado, viu que Bolsonaro seria presidente

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Foto do author Rayanderson Guerra
Atualização:

JUIZ DE FORA – De um lado, camelôs disputam espaço com vendedores de frutas e engraxates. De outro, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro buscam o melhor ângulo para uma selfie no entroncamento das ruas Batista de Oliveira e Halfeld, no centro de Juiz de Fora (MG). O local até 2018 era conhecido apenas pelos combos de salgados e refresco da Internacional Lanches. Mas desde 6 de setembro daquele ano, tornou-se marco e ponto de peregrinação para bolsonaristas na cidade mineira. Foi após o então presidenciável ser esfaqueado por Adelio Bispo, em incidente decisivo para a sucessão presidencial em 2018.

“Quem imaginaria que um candidato a presidente seria esfaqueado durante a campanha? Bolsonaro renasceu em Juiz de Fora. E quem o apoia sabe disso. Essa esquina se tornou um símbolo de uma nova vida”, disse o vendedor Valdeir Caetano, de 50 anos, fã do presidente que faz ponto no local.

O mecânico Marcelo Carvalho (a esq.) e vendedor Valdeir Caetano no cruzamento das ruas Batista de Oliveira e Halfeld em Juiz de Fora; ambos são apoiadores do presidente Foto: Rayanderson Guerra/

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Naquele dia de 2018, Bolsonaro era carregado pelas ruas da cidade mineira nos ombros por apoiadores, cercado por policiais federais. Foi quando Adélio se esgueirou pela multidão, aproximou-se do candidato e o esfaqueou na barriga. As imagens de Bolsonaro contorcendo-se de dor e depois no hospital inundaram as redes sociais, com forte impacto na campanha.

Caetano era um dos participantes do ato em apoio ao presidenciável naquele dia. Contou que, com o impacto do golpe, o então deputado chegou a cair, mas foi logo amparado por seguranças e levado para a Santa Casa de Misericórdia local. Bolsonaro voltou ao hospital que lhe salvou a vida, em atitude vista como uma tentativa de resgatar o episódio e introduzi-lo na campanha de 2022. O movimento se dá em meio à polêmica levantada pelo assassinato de um militante petista, Marcelo Arruda, por um bolsonarista, Jorge Guaranho, em Foz do Iguaçu (PR), no último fim de semana.

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Jair Bolsonaro é carregado após ter sido alvo de uma facada há quatro anos durante a campanha eleitoral de 2018 em Juiz de Fora  Foto: Raysa Leite/AP - 6/9/18

O vendedor disse que, a partir daquele momento, sabia que o capitão da reserva do Exército subiria a rampa do Palácio do Planalto em 1 de janeiro de 2019. Desde então, passou a produzir camisetas, bonés e adereços em alusão a Bolsonaro e a vendê-los na esquina onde ocorreu o crime.

Bolsonaristas esperavam ver o presidente no local da facada

Logo após a visita do presidente a Juiz de Fora nesta sexta, 15, o Estadão encontrou grupos de pessoas que ainda esperavam encontra-lo na no local do incidente - o presidente não passou pelo local. Um deles, o mecânico Marcelo Carvalho, de 45 anos, soube da passagem de Bolsonaro pela cidade, por grupos de WhatsApp. Aproveitou compromisso que tinha pela região para fazer uma foto na esquina e tentar encontrar o mandatário.

Bolsonaro na Santa Casa de Juiz de Fora: visita ao hospital onde foi internado após ser esfaqueado Foto: Washington Alves/ REUTERS

“Aqui é a segunda cidade natal dele. Nesse ano, o presidente vai ter que tomar cuidado. Está muito mais rivalizado entre ele e o Lula”, alertou o mineiro.

A preocupação com a violência política se tornou um dos temas que devem permear a eleição deste ano. Tanto Lula, quanto Bolsonaro passaram a usar coletes a prova de bala nas agendas da pré-campanha e a redobrar os cuidados com a segurança.

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Na Santa Casa, Bolsonaro reencontrou os médicos que o atenderam na Santa Casa de Juiz de Fora. Ao falar sobre o atentado, o presidente se emocionou.

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