Homem que diz ter provas de fraude nas eleições não é funcionário do TSE e admitiu ter mentido

Vídeo publicado no Kwai viralizou como se mostrasse funcionário demitido do TSE; autor da gravação admitiu ter coletado informações na internet para tentar ganhar seguidores e que vídeo é mentiroso

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Foto do author Clarissa Pacheco

É falso que um funcionário demitido do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tenha gravado um vídeo afirmando ter provas de que Jair Bolsonaro (PL) foi eleito no 1º e no 2º turno das eleições presidenciais deste ano e que o ministro Alexandre de Moraes teria até o dia 20 de dezembro para voltar atrás no reconhecimento da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O homem que aparece nas imagens trabalha como caseiro, nunca foi funcionário do Tribunal e admitiu que usou alegações falsas que coletou na internet, com o objetivo de ganhar curtidas e seguidores. Em outra postagem, ele admitiu não ter provas da alegação de fraude, disse que tudo no vídeo é "fake news" e pediu que as pessoas parem de compartilhá-lo.

 Foto: Estadão

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O vídeo de quase três minutos de duração se espalhou pelo Facebook e pelo WhatsApp, canal pelo qual leitores do Estadão Verifica pediram a checagem do conteúdo, pelo número (11) 97683-7490. Ao longo da fala, o homem se identifica como Eder e diz que tem provas concretas de que Bolsonaro foi eleito no primeiro e no segundo turno. Em seguida, ele diz que o TSE tem até 20 de dezembro para "voltar atrás", ou "essa bomba vai explodir". O argumento dele é que o código-fonte foi "quebrado" após as 17h e, então, a eleição foi roubada. Nada disso é verdade,

As legendas de postagens que compartilharam o vídeo afirmam que o rapaz é um ex-funcionário que foi demitido do TSE. Isso também é falso. O Tribunal informou que Eder Lima compartilha parte do nome e sobrenome de um funcionário da Corte, e que foi associado a um homônimo. Porém, o homem do vídeo não fez parte do quadro de servidores do TSE, nem dos 27 Tribunais Regionais Eleitorais (TREs).

Além disso, nem o próprio autor do vídeo se identifica, em momento algum, como ex-funcionário do TSE. Após o vídeo viralizar nas redes, ele voltou atrás nas afirmações feitas na gravação e admitiu que é tudo mentira.

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'Para ganhar seguidores e curtidas'

O Verifica localizou o perfil do autor do vídeo no Kwai procurando pelo nome de usuário que aparece nas imagens. No perfil, Eder diz que é capixaba e que mora atualmente no Rio de Janeiro. Ele publicou três vídeos em que admite que espalhou "fake news" sobre as eleições. Eder diz que é caseiro, que estudou até a 7ª série, que nunca trabalhou no TSE e que todas as informações do vídeo são falsas: "Tudo que tá nesse vídeo aqui é mentira, é fake news só pra conseguir seguidores, pra conseguir curtida e acabou dando nisso aí", afirma.

Autor do conteúdo gravou vídeo admitindo não ter provasImagem: Reprodução  Foto: Estadão

O caseiro afirma que coletou as "provas" de fraude da internet: "Eu não sei nada de prova, não sei nada sobre política. É tudo mentira o que eu fiz nesse vídeo. Tudo que eu falei aqui foi pegando na internet. Eu vi as pessoas que estavam a favor de Bolsonaro falar que tinha prova, então eu fui pegando essas provas pensando que ia dar um bom resultado, mas deu um péssimo resultado", continua, em outro vídeo.

Por fim, ele diz que nem sabe quem é Alexandre de Moraes. "Não acredita em nada desse vídeo, não existe provas, não existe como provar, não existe nada, é notícia falsa, não existe nada de concreto nesse vídeo. Eu nunca trabalhei no TSE, nem sei quem é Alexandre de Moraes, não terminei o ensino médio, parei na 7ª série, trabalho de caseiro. Então, não compartilha mais esse vídeo porque fake news fere a honra", diz Eder.

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Quebra de código-fonte?

No vídeo, Eder diz que a fraude estaria numa "quebra" de código-fonte, ocorrida após as 17h. Isso também é falso. Segundo o TSE, não houve quebra de código-fonte, que foi inspecionado antes do pleito por diversas entidades, como universidades, Ministério Público, Polícia Federal. Todas atestaram a segurança do voto eletrônico.Depois das inspeções, o código foi lacrado em uma cerimônia pública, para impedir qualquer tentativa de adulteração do programa.

O autor do vídeo também afirma que a eleição foi "roubada" depois das 17h, sugerindo que os votos depositados após esse horário seriam ilegais -- o que não é verdade. Todos os eleitores que chegaram aos locais de votação até as 17h tiveram direito de votar, mesmo que o voto só tenha ocorrido, efetivamente, após as 17h.

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