Acompanhar os 30 dias que antecederam a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, por meio de tuítes de personagens históricos. Essa é a proposta do projeto EstadãoRepública130, que, a partir desta terça-feira, 15, começa a ser publicado no Twitter. Na atualíssima plataforma digital, republicanos, monarquistas e militares se digladiam, expõem suas ideias às vésperas da troca do regime.
O Estado criou 14 perfis para explicar a mudança que transformou o Brasil, pôs fim ao império e inaugurou o caminho trilhado pela modernidade no País. O projeto estará ancorado no perfil @_vivarepublica_, no qual os tuítes dos personagens poderão ser acompanhados cronologicamente. As publicações também podem ser acompanhadas pela hashtag #ER130.
É possível ainda seguir cada um dos personagens. São perfis como os de d. Pedro II, Rangel Pestana, Rui Barbosa, Deodoro da Fonseca e do visconde de Ouro Preto. Muitos deles, como Rangel Pestana e Campos Salles, foram colaboradores ou fundadores do jornal A Província de São Paulo, em 1875 – que após a Proclamação da República passou a se chamar O Estado de S. Paulo.
Todos os dias, uma série de tuítes feita pelo projeto inaugura a narrativa, contextualizando alguns dos fatos que serão objeto de comentários de republicanos e monarquistas, como a morte de d. Luís I, o rei de Portugal, sobrinho do imperador brasileiro. Eventos ligados à administração do império e suas crises – a questão militar e a questão religiosa, a mudança da mão de obra escrava para a assalariada – serão retratados nos tuítes.
Para tanto, o Estado pesquisou na Biblioteca Nacional, no acervo do jornal e na bibliografia do período para reproduzir os comentários dos personagens históricos. Além de A Província de São Paulo, arquivos como os dos jornais Diário de Notícias (Rio), O Paiz (Rio), Gazeta de Notícias (Rio), Correio Paulistano (São Paulo) e o Jornal do Commercio (Rio) e Revista Ilustrada –todos já extintos – foram consultados para a reconstituição histórica. Os tuítes são reproduções e adaptações de frases que retratam a atuação de cada um dos protagonistas no período.
Os personagens interagem e usam hashtags, comportando-se como usuários da rede social. Compartilham fotos, comentam notícias de jornal, fazem desabafos e publicam sátiras em versos, reproduzindo a seção Pipocas, mantida pelo Estado na época. A ideia é inspirada na iniciativa da agência russa RT, vinculada ao governo daquele país, que criou contas no Twitter em 2017 com os principais personagens da Revolução Russa, para lembrar seu centenário.
“Os republicanos formaram o primeiro movimento político do País que utilizou com sucesso a mídia para propagar suas ideias”, lembra o historiador e membro da Academia Brasileira de Ciências Boris Fausto.
Nada mais atual, portanto, do que relançar esse momento crucial de nossa história por meio de uma rede social. “Se a República fosse proclamada hoje, certamente, as redes sociais dariam aos historiadores material importante para acompanhar esse acontecimento”, afirmou o editor-coordenador de Política do Estado, Eduardo Kattah.
Em 1873, três anos depois que os republicanos divulgaram seu manifesto no jornal A República, foi realizada a Convenção de Itu. Além da mudança de regime, seus participantes defendiam a federação. Nela se decidiu ainda fundar um jornal. Vinte e um republicanos – a maioria abolicionistas –, todos defensores da liberdade como valor fundamental em cada área do fazer humano, uniram-se para criar uma publicação que defendesse seus ideais em busca da renovação do País, fundada na ideia do mérito e na defesa da educação e da ciência como forma de modernização da Nação. Nasceu ali a Província de São Paulo, mais tarde, o Estado de S.Paulo. O projeto EstadãoRepública130 envolve pelo menos 20 profissionais do Grupo Estado.
Veja todos os perfis do projeto
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