BRASÍLIA – O governo Joe Biden avalia divulgar uma declaração oficial de confiança nas instituições democráticas brasileiras, um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro lançar dúvidas sobre a lisura das eleições. A reação dos Estados Unidos deve sair por Washington e não por meio da Embaixada em Brasília.
O tom será o mesmo de pronunciamentos anteriores. Por meio de discursos do presidente Joe Biden e de recados de enviados da Casa Branca e do Departamento de Estado ao Brasil, o governo norte-americano já manifestou “total confiança” nas instituições brasileiras em promover eleições livres e justas. Segundo eles, o sistema de votação eletrônica é seguro e confiável.
Em junho, quando viajou a Los Angeles para a Cúpula das Américas e se reuniu em privado com Biden, Bolsonaro pediu ajuda ao norte-americano para enfrentar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato do PT à Presidência da República, segundo a agência Bloomberg. O presidente sugeriu que Lula seria um entrave a interesses americanos. O governo brasileiro negou o pedido. A Casa Branca afirmou apenas que Bolsonaro prometeu respeitar o resultado, durante a conversa com Biden.
A embaixada norte-americana enviou o encarregado de negócios Douglas Koneff para assistir à apresentação de Bolsonaro, feita a cerca de 70 diplomatas de todo o mundo. Ele confirmou presença de última hora e era um dos únicos chefes temporários de embaixadas convidados ao Palácio da Alvorada. Koneff também assistira, em maio, a uma apresentação sobre a segurança das urnas eletrônicas promovida pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Orientados por seus governos, embaixadores em Brasília mantiveram discrição sobre o encontro e suas impressões a respeito do discurso de Bolsonaro. Agora, como já houve tempo de os diplomatas relatarem o ocorrido, por telegramas ou telefonemas, às respectivas capitais, a postura começou a mudar. Ao Estadão, embaixadores afirmaram que Bolsonaro não sustentou sua argumentação em provas cabais de fraude e, portanto, não conseguiu convencê-los sobre a fragilidade da votação no País.
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