BRASÍLIA - Ex-deputado e ex-vice-líder do governo Jair Bolsonaro na Câmara, Darcísio Perondi (MDB-RS) conseguiu nesta quarta-feira, 5, reverter a sua aposentadoria e retornar ao quadro de servidores do Ministério da Saúde. Médico com especialização em pediatria, Perondi estava aposentado desde 2015, mas pediu para retornar ao cargo. O processo para sua readmissão foi aberto pela pasta em abril, dois meses após o ex-parlamentar perder a vaga que ocupava na Câmara dos Deputados.
Perondi afirmou ainda não saber qual posto irá ocupar na pasta, mas diz que provavelmente não será ao lado do ministro interino, Eduardo Pazuello. O ex-deputado, de 73 anos, afirma que pode voltar a atender pacientes, já que o cargo que vai ocupar é o de médico.
O ex-deputado esteve com Pazuello, na segunda-feira, 3, dois dias antes de a sua readmissão aos quadros da pasta ser aceita. Segundo ele, no entanto, o retorno ao trabalho não entrou na pauta do encontro. "Acho que ele (Pazuello) nem sabe. O processo é rigoroso, tem de fazer exame, junta médica, perícia", disse.
Perondi foi deputado federal de 1995 a 2020. No último mandato, era suplente de Osmar Terra (MDB-RS), que retornou à Câmara em fevereiro, após ser demitido da cadeira de ministro da Cidadania.
Desde que deixou o Legislativo, Perondi afirma que esteve recluso e chegou a internar-se pela covid-19. "Não foi grave."
O ex-deputado disse que só conheceu Pazuello na segunda-feira, 3, na reunião que também foi acompanhada por Osmar Terra (MDB). "Falamos da covid-19. Do SUS. Pazuello está entusiasmado", disse Perondi.
Procurado, Terra afirmou que a reunião não tratou sobre o retorno de Perondi ao quadro do ministério. "Não foi essa pauta. Esse assunto eu desconheço e ele deve estar tratando por contra própria. Ele foi na reunião para dar sugestões sobre vacinas para o ministério. Ele foi por muito tempo presidente da Frente Parlamentar da Saúde", disse Terra, por meio de sua assessoria.
O agora servidor do Ministério da Saúde afirmou que Pazuello faz um bom trabalho durante a pandemia. Para Perondi, a "imprensa funerária" omite que a doença já atinge com menos intensidade algumas cidades.
Perondi afirmou ter "simpatia" por argumentos de Terra sobre a covid-19, mas não quis entrar em detalhes. O ex-ministro e atual deputado defende, por exemplo, que o isolamento social mais amplo não teve efeito positivo. Ele também já disse que não haveria mais de duas mil e cem vítimas pela doença no Brasil e que a pandemia se encerraria em junho.
"Ele não trabalha sozinho. Há um grupo de infectologistas e epidemiologista que o ajudaram gratuitamente", disse Perondi sobre o colega de partido.
Cobrança por consulta
Em 2019 o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) determinou bloqueio de bens de Perondi e outras nove pessoas, no montante de R$ 1,1 milhão. Eles foram condenados em 2004 por suposto conluio de funcionários do Hospital de Caridade de Ijuí (RS) que teriam cobrado honorários médicos de pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), do qual o ex-deputado era diretor.
Questionado sobre a ação, Perondi disse que pagou multa de R$ 100 mil e o caso foi arquivado. O ex-deputado alega que foi acusado como corresponsável pelo caso pelo fato de ser diretor do hospital. "Fiquei indignado. Um problema que houve com a prefeitura e um grupo de médicos que eventualmente atendiam clientes, da prefeitura, no ambulatório do hospital. Eles não entenderam como que era. Está tudo resolvido", disse.
Procurado, o Ministério da Saúde não se manifestou até a publicação deste texto.
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