Ex-vereador Jerominho, condenado como chefe da milícia Liga da Justiça, é morto no Rio; veja vídeo

Político de 73 anos, que chegou a exercer dois mandatos na capital fluminense e anunciara candidatura a deputado em 2022, foi baleado em Campo Grande, na zona oeste; socorrido em hospital privado, não resistiu aos ferimentos

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Por Fábio Grellet
Atualização:

RIO – O ex-vereador do Rio Jerônimo Guimarães Filho, de 73 anos, conhecido como Jerominho, acusado de ser um dos criadores da principal milícia do Rio, a Liga da Justiça, morreu após ser baleado na tarde desta quinta-feira, 4, perto do centro social que coordenava, em Campo Grande (zona oeste do Rio de Janeiro). Ele chegou a ser socorrido em um hospital privado, o Oeste D’Or, onde morreu horas depois.

Jerominho estava em frente à instituição que mantinha, na Estrada Guandu do Sapé, por volta das 15h. Foi quando, segundo testemunhas, dois homens munidos de fuzis passaram de carro e o alvejaram. O ex-vereador foi atingido no abdômen e na perna. Um cunhado do político, que estava ao seu lado, também foi ferido. Socorrido no Hospital municipal Rocha Faria, sobreviveu. Os atiradores fugiram e sem serem identificados.

Em 2008 Jerominho foi uma das 225 acusadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias, criada pela Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e presidida pelo então deputado estadual Marcelo Freixo. Foto: Reprodução

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Ex-policial civil, Jerominho tentou iniciar a carreira política em 1998, quando concorreu a deputado estadual pelo PSC. Recebeu 18.152 votos e não se elegeu. Dois anos depois conseguiu se tornar vereador pelo então PMDB (hoje MDB), com 20.560 votos. Em 2004 foi reeleito, pelo mesmo partido, com 33.373 votos.

Um ano antes do fim de seu segundo mandato, Jerominho foi preso pela Polícia Civil, em 26 de dezembro de 2007. Era acusado de chefiar a mais famosa milícia do Rio, a Liga da Justiça, na zona oeste, com o irmão, Natalino Guimarães, deputado estadual eleito em 2006.

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Jerominho foi uma das 225 pessoas incriminadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias. A CPI foi criada pela Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e presidida pelo então deputado estadual Marcelo Freixo (então no PSOL) em 2008. Com o irmão, o ex-vereador foi condenado à prisão. Ficou preso até 2018.

O ex-policial voltou à cadeia em 27 de janeiro deste ano. Havia contra ele uma ordem de prisão, por um crime cometido em 2005 (extorsão praticada com uso de arma de fogo, contra motoristas de van). Foi libertado em 1º de fevereiro, depois que a Justiça concluiu que ele já havia cumprido essa pena.

Dois dias antes de ser preso, Jerominho tinha anunciado que pretendia ser candidato a deputado federal pelo Patriota.

Milícia mudou de nome e virou Bonde do Ecko

Atuante, inicialmente, na zona oeste da capital, a Liga da Justiça se expandiu para parte da zona norte e Baixada Fluminense. Misturava policiais com política para dominar bairros pobres a pretexto de fornecer segurança contra o tráfico. Extorquia dinheiro de moradores e comerciantes e explorava negócios como venda de gás em botijão e transporte de passageiros por vans.

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Com o tempo, a Liga mudou de nome. Passou a ser conhecida como Bonde do Ecko. É uma alusão a Wellington da Silva Braga, o Ecko. Ele assumiu o comando do bando após a morte do irmão Carlos da Silva Braga, o Carlinhos Três Pontes, em 2017, em operação policial. Ecko foi morto pela Polícia em 2021. Àquela altura, o bando tinha se aproximado de traficantes. Passara a explorar também o tráfico que dizia combater.

Colaborou Wilson Tosta

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