A Executiva do Diretório Municipal do PT em São Paulo decidiu nesta terça-feira, 16, aceitar o pedido de refiliação de Marta Suplicy à sigla. Além disso, determinou que não haverá prévias eleitorais para escolher o candidato a vice na chapa encabeçada pelo deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) para a Prefeitura de São Paulo. Dessa forma, Marta retorna ao PT como vice de Boulos.
O retorno de Marta ao PT foi aprovado com 12 votos a favor, um contra, uma abstenção e duas ausências. A terceira vice-presidente do PT paulistano, Barbara Corrales, foi a única que manifestou oposição à medida. “A refiliação de Marta Suplicy, sem qualquer balanço de seu passado pregresso, é um elemento de desmoralização não dela, mas do partido”, afirmou Barbara, que compõe a corrente interna O Trabalho, em nota.
A reunião na sede do Diretório Municipal, no centro da capital, durou aproximadamente três horas. Além disso, foi decidido convidar a ex-prefeita para um processo de escuta com membros do partido, visando assegurar seu comprometimento em defender o PT. O rompimento traumático de Marta com a sigla em 2015 é o principal argumento contra a volta da ex-prefeita à legenda. Marta já afirmou que o PT foi “protagonista de um dos maiores escândalos de corrupção” do País. Além disso, votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff em 2016.
O presidente do PT paulistano, Laércio Ribeiro, saudou a volta de Marta ao partido. “O Diretório Municipal recebe com bom grado e dará as boas-vindas ao retorno da Marta Suplicy ao PT”, disse Ribeiro, acrescentando que a gestão da ex-prefeita deixou “marcas importantíssimas, que o PT carrega até hoje”. Ele ainda afirmou que a executiva municipal decidiu que não haverá prévias municipais, ainda que surjam candidatos.
O estatuto do PT permite a realização de prévias para escolher os candidatos. Para as eleições municipais deste ano, o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) propôs prévias para definir o vice de Boulos. No entanto, nenhum filiado se candidatou. Na reunião desta terça-feira, Suplicy aceitou o nome de Marta para o cargo.
A filiação da ex-prefeita ainda precisa ser formalizada, sendo necessário apresentar o formulário ao Diretório Municipal. Conforme o estatuto do PT, a solicitação deve ser tornada pública pelo órgão. Após a divulgação, há um prazo de sete dias úteis para contestação por qualquer filiado, com igual período para defesa. Se não houver resolução a nível municipal, pode-se recorrer ao Diretório Estadual. Porém, dirigentes petistas descartam essa possibilidade.
No sábado passado, 13, a ex-prefeita se reuniu com Boulos para selar a aliança nas eleições deste ano à Prefeitura. O encontrou ocorreu no apartamento de Marta no bairro Jardim Paulista, na zona oeste da capital, e durou cerca de três horas. Ao deixar o local, Boulos classificou a conversa como “excelente” e disse que o principal desafio de ambos será reeditar uma frente democrática para derrotar o bolsonarismo na capital, em alusão ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), que busca o apoio de Jair Bolsonaro (PL).
Marta foi secretária municipal de Relações Internacionais, da administração Ricardo Nunes, até o último dia 9. Ela deixou o cargo para ocupar a vice de Boulos após convite feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A decisão da ex-prefeita em voltar para o PT e apoiar a pré-candidatura psolista gerou críticas entre aliados de Nunes, com acusações de “traição”. O prefeito, no entanto, procurou apaziguar os ânimos e disse que o fato não abala a sua admiração pela ex-secretária.
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Para correligionários de Boulos, a escolha de Marta para a vice fortalece a chapa psolista, sobretudo na ampliação de voto nas periferias. Eles citam um “legado social” da ex-prefeita, que administrou a capital no início dos anos 2000. A gestão Marta Suplicy é lembrada pela criação de Centros Educacionais Unificados (CEUs), corredores exclusivos para ônibus e a implementação de Bilhete Único. Porém, ela sofre críticas pela criação de impostos em sua gestão.
Dentro do PT, no entanto, existe uma ala minoritária crítica ao retorno de Marta Suplicy ao partido. Ela se filiou à sigla em 1981, um ano após a fundação da sigla, e permaneceu nas fileiras da legenda por 33 anos. Pelo PT, foi deputada federal, prefeita, senadora e ministra no segundo governo Lula e na gestão Dilma Rousseff. Marta rompeu com o partido em 2015 e voto a favor do impeachment de Dilma no ano seguinte. Por conta disso, o dirigente petista Valter Pomar afirmou que Marta já traiu o PT e sugeriu que a filiação dela deveria ser decidida em votação. A proposta, porém, não ganhou força.
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